advogado de Bolsonaro.

A PF já está analisando dados dos celulares de Frederico Wassef, advogado de Bolsonaro. Ele conseguiu a permissão no STF ao direito de acompanhar o processo. Outra notícia ruim: o FBI entrou no caso das joias dadas ao ex-presidente e sua mulher

Encrencados: PF analisa celulares de Wassef e FBI entra no caso das joias

A Polícia Federal anunciou na quarta-feira, 25, que começou a analisar os dados de celulares do advogado Frederick Wassef, que atuou na linha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos filhos e é considerado um fio desencapado no círculo mais próximo do bolsonarismo. Os peritos já tinham extraído o conteúdo dos aparelhos, ainda em agosto, mas só agora receberam autorização para trabalhar no material. 

Wassef tinha um aparelho exclusivo para falar com o clã Bolsonaro, em especial, seus clientes: o senador Flávio Bolsonaro e o ex-presidente. Em agosto, ele teve quatro aparelhos apreendidos pelos investigadores da PF, no inquérito que apura a venda de presentes dados ao então presidente da República e desviados para o patrimônio pessoal de Bolsonaro.

Wassef é advogado da família Bolsonaro e foi alvo de mandado de busca e apreensão em agosto, no âmbito da investigação sobre a venda de joias do governo brasileiro no exterior. Ele foi responsável pela operação de resgate de um dos relógios Rolex vendido ilegalmente em um esquema do ex-presidente envolvendo o seu e-ajudante de ordens, major Mauro Cid, e o pai dele, general Mauro César Cid. Ele pagou US$ 50 mil, nos Estados Unidos, para recuperar o Rolex vendido irregularmente pelo major e seu pai.

O advogado conseguiu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhar a extração e perícia dos dados. Ele recuperou dois aparelhos. Todo o material extraído – conversas, aplicativos e fotos – fica armazenado em um HD. Com isso, a análise é feita em cima da cópia dos dados. “É mais seguro trabalhar em cima da extração. Pela preservação e cadeia de custódia”, explicou um perito da PF.

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A má notícia veio da América do Norte

De acordo com a imprensa, o ex-presidente, Flávio e Fabrício Queiroz estariam em pânico com o que a PF pode encontrar nos aparelhos celulares. Um interlocutor próximo da família Bolsonaro revelou que eles estão preocupados com o conteúdo dos aparelhos apreendidos pela PF, pois Wassef é tido como alguém “inconsequente” e que “não joga em grupo”.

O temor é que o advogado possa ter gravado conversas travadas com Bolsonaro, Flávio ou com Queiroz. O ex-PM, que trabalhou como assessor de Bolsonaro no Congresso, ficou escondido durante um ano na casa de Wassef. Outro medo é que ele possa ter grampeado autoridades do Judiciário e do Ministério Público.

A maior preocupação gira em torno da figura do senador Flávio Bolsonaro, pois o filho mais velho do ex-presidente Bolsonaro era muito próximo de Wassef, que fazia questão de divulgar sua proximidade com o filho ZeroUm de Bolsonaro. 

Ainda em agosto, Wassef foi abordado por agentes da PF em uma churrascaria localizada dentro de um shopping na zona sul de São Paulo. Na ocasião, policiais que investigam a participação dele no escândalo de desvios e revenda de joias da União apreenderam os aparelhos e revistaram o veículo do advogado, que estava irregularmente estacionado em uma vaga para pessoas com deficiência.

Outra má notícia para a família do ex-presidente veio dos Estados Unidos. O Departamento de Justiça americano, sediado em Washington, autorizou integralmente o pedido de colaboração policial internacional para investigar o esquema ilegal de venda de joias e relógios do acervo presidencial.

A documentação preparada pela Polícia Federal — e remetida aos EUA via Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão do Ministério da Justça — foi validada pelo governo americano. A entrada da PF dos EUA nas investigações pode revelar como foram adquiridos imóveis pela família Cid em Miami, na Flórida. A PF suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de valores, apropriação indevida e falso testemunho.

Por meio da cooperação internacional, também foi autorizada a ida de equipe da PF brasileira para acompanhar as diligências solicitadas em território americano. O FBI pode abrir investigações contra os envolvidos no esquema. Agora, Bolsonaro e o major Mauro Cid e seu pai correm o risco de ter de responder também em território americano por eventuais crimes.

O pedido de cooperação autorizado pelo DoJ prevê as quebras de sigilo bancário de várias contas de pessoas físicas e jurídicas — além do ex-presidente, Mauro Cid, general Mauro César Cid e outros; dos últimos anos até agora. Serão feitas ainda diligências em joalherias na Florida, Nova York e Pensilvânia, usadas no esquema de venda de jóias, e o levantamento de imóveis adquiridos naquele país. O FBI ainda vai tomar os depoimentos de testemunhas e de suspeitos de envolvimento no esquema.

Bolsonaro é suspeito de ter cometido crime de peculato e desvio das joias dadas como presentes por governos estrangeiros, enquanto ele ocupava a Presidência da República. Ele ganhou um conjunto de jóias da marca Chopard, contendo um colar de ouro branco com dezenas de pingentes, todos cravejados em diamantes. 

A então primeira-dama Michelle Bolsonaro também ganhou um par de brincos, um anel e um relógio de pulso, todos feitos em ouro e pedras preciosas. O conjunto foi presente da Arábia Saudita ao governo brasileiro. Um outro conjunto, também com relógio, joias e abotoaduras em ouro, chegou ao Brasil com a mesma comitiva em 2021, mas não foi barrado.

Outro lote de joias foi dado ao governo brasileiro, um conjunto que continha um relógio Rolex, uma caneta da marca Chopard prateada; um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro; um anel em ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de “baguette”. Ele também teria recebido uma masbaha (um tipo de rosário árabe), feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes. Esse conjunto foi dado pelo governo árabe em 2019. •