A inação das Nações Unidas frente ao genocídio em Gaza  demonstra o quão urgente é a necessidade de uma reforma do seu Conselho de Segurança. Composto por 15 membros, sendo cinco permanentes e 10 rotativos, eleitos a cada dois anos, o conselho tem cinco nações com poder de veto: Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia. Qualquer desses cinco podem obstruir uma resolução. Esse poder tem sido exercido pelos EUA reiteradamente na questão do conflito Israel-Hamas.

A pouca representatividade do Conselho tem levado líderes de outras nações, como Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil e Narendra Modi da Índia, a questionarem a ausência de outros países estratégicos no concerto das nações com direito a um assento permanente. “São os cinco países do Conselho de Segurança que fabricam armas, que vendem armas e que fazem a guerra. É a contradição. Por isso que nós queremos mudar o conselho”, disse Lula em café da manhã com jornalistas na sexta-feira, 27.

Defensor da constituição dos dois Estados — Israel e Palestina —, Lula não economizou críticas sobre o início e a retaliação no conflito em Gaza. “O que nós dissemos? É que o ato do Hamas foi terrorista. Nós dissemos em isso em alto e bom som de que o ato do Hamas foi terrorista”, ressaltou. 

“Não é possível fazer um ataque, matar inocentes, sequestrar gente da forma como eles fizeram. Agora, o que nós temos é a insanidade também do primeiro-ministro de Israel, querendo acabar com a Faixa de Gaza, se esquecendo que lá não tem só soldado do Hamas, tem mulheres, crianças, grandes vítimas desta guerra. Daí a minha preocupação com os brasileiros”, disse. 

A escalada do conflito é motivo de grandes manifestações pelo mundo. A situação enfrentada pela Palestina, sujeita às ocupações irregulares e criminosas por parte de colonos israelenses na Cisjordânia, ao arrepio dos acordos internacionais e as orientações da ONU, é um estopim permanente na região.

A coalizão fundamentalista e de extrema-direita montada por Benjamin Netanyahu para se manter no poder tem como exigência primeira a continuidade da ocupação.

Não haverá paz na região enquanto não for resolvida a questão territorial. Os EUA, o principal aliado de Israel, já sofre internamente uma pressão para que ajude a montar uma saída pacífica para a região. Sem a constituição plena dos dois Estados, o morticínio e a vergonha continuarão a assombrar os povos do mundo. •

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