Preso pela PF na última segunda-feira, Maxwell Simões Correa era braço-direito de Ronnie Lessa, o homem que apertou o gatilho contra Marielle Franco. Coaf mostra movimentação de R$ 5,3 milhões nas contas de empresa ligada ao suspeito

Preso por suspeita de envolvimento direto com a morte da vereadora Marielle Franco, o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa movimentou recursos milionários. Operações suspeitas em sua conta mostram que as transações estão em patamar incompatível com salário. Em apenas três meses, ele movimentou nada menos do que R$ 5,3 milhões.

É o que aponta a Polícia Federal, a partir de um levantamento de informações feito com base no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). De acordo com as investigações, Maxwell manteve entradas e saídas girando em torno de R$ 6,4 milhões entre 2019 e 2021 nas suas contas bancárias. Parte do valor foi movimentado por uma empresa vinculada a Maxwell após o assassinato de Marielle, em apenas três meses.

Considerado pela PF um comparsa do ex-PM Ronnie Lessa, Maxwell — que ganhava R$ 10 mil por mês como bombeiro — fez, entre 12 de março de 2019 e 13 de outubro de 2021, pagamentos no valor de R$ 567 mil. No mesmo período, recebeu R$ 569 mil em sua conta bancária pessoal, segundo relatório. No total, a movimentação chega a R$ 1,1 milhão. O valor é incompatível com seu salário como servidor público.

Além disso, em 2021, Maxwell virou sócio da empresa Rohden Imports, criada naquele ano, possivelmente para lavagem de dinheiro, segundo avaliação da PF. Em apenas três meses, essa empresa movimentou R$ 5,3 milhões.

Voltada para o comércio varejista de veículos, o estabelecimento localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, tinha inicialmente como sócios o ex-bombeiro Edilaine Rohden. A sociedade foi desfeita em maio deste ano, quando a empresa passa exclusivamente para o nome de Maxwell. Na ocasião, o empreendimento também teve o nome alterado para Maxxspeed Automóveis.

O relatório da PF aponta também movimentações financeiras entre Maxwell e pessoas que já foram presas ou condenadas por estelionato, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e envolvimento com grupos paramilitares. Entre julho de 2021 e março de 2022, o ex-bombeiro recebeu a quantia de R$ 142,3 mil de Fábio Marques Nobre de Almeida, ex-policial preso em 2011 e já condenado por participação em grupos paramilitares.

Também constam na base de dados do Coaf o recebimento de R$ 132 mil de Carla Oliveira de Melo pela até então sócia de Maxwell, Edilaine Rohden. Ela foi presa em 2021 por envolvimento com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

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