A semana na história - 14 a 20 de agosto

14 de agosto de 1945 – Após 2 bombas atômicas, Japão se rende

O Japão se rende incondicionalmente alguns dias depois que milhares de japoneses são mortos por duas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em seu território. Em 6 de agosto, uma luz branca ofuscante desintegrou a maior parte da cidade de Hiroshima. Mais de 100 mil pessoas morreram na hora e milhares depois, em consequência de queimaduras ou de envenenamento por rádio, o material nuclear do artefato. Três dias depois, outro cogumelo de fogo devastou Nagasaki, matando mais de 35 mil pessoas.

Com a rendição do Japão, termina a Segunda Guerra, que ainda era travada no Pacífico. A Alemanha já havia se rendido no início de maio, mas o Exército Imperial Japonês mantinha a guerra em seu território contra os Aliados, obrigando-os a tomar o arquipélago ilha por ilha.

A decisão do presidente dos EUA, Harry Truman, de lançar bombas atômicas sobre a população civil japonesa até hoje é fortemente criticada. Era mesmo necessária uma ação extrema e devastadora como essa para pôr fim a uma guerra que estava com os dias contados, contra um país cercado e isolado no Pacífico? Para muitos, a real intenção de Truman foi dar à União Soviética uma amostra do poderio bélico norte-americano. A Segunda Guerra Mundial estava dando lugar à Guerra Fria.

15 de agosto de 1945 – Prestes lança o queremismo

O secretário-geral do Partido Comunista do Brasil (PCB), Luís Carlos Prestes, envia ao presidente Getúlio Vargas um telegrama com slogan e pretexto para o ressurgimento do queremismo — movimento criado para reivindicar a candidatura de Vargas nas eleições presidenciais de dezembro. A candidatura murchara depois que o presidente decidiu não deixar o governo a tempo de se tornar elegível. Agora, Prestes propõe a suspensão das eleições presidenciais e a imediata convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte — prazo em que Getúlio completaria a transição democrática. E, no dia 3 de outubro, o movimento faria um comício com 150 mil pessoas no largo da Carioca, Rio de Janeiro.

15 de agosto de 1947 – Gandhi lidera, e Índia obtém independência

A Índia proclama sua independência. Os ingleses, que haviam chegado à região em 1600, dominando-a a partir de 1773, assinam o acordo que determina sua saída, entrega o país a seu povo. A independência da Índia foi uma vitória de Mohandas Karamchand Gandhi, chamado “Mahatma” (“Grande Alma”, em sânscrito) e do Partido do Congresso.  Durante 30 anos, Gandhi liderou o movimento de não violência, pregando a desobediência às leis inglesas e o boicote aos produtos britânicos.

19 de agosto de 1962 – CGT é criado para unificar sindicatos

Com forte influência do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e do Partido Comunista Brasileiro (PCB), é criado, no 4º Congresso Nacional dos Trabalhadores, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), central sindical de orientação progressista comprometida com o retorno ao presidencialismo. Em contrapartida, exige do presidente João Goulart o fim da Lei de Segurança Nacional, extensão do voto a todos os adultos (inclusive analfabetos e soldados), aumento de 100% no salário mínimo e reformas agrária e bancária.

18 de agosto de 1963 – Nasce sindicato camponês no MA

Manoel da Conceição e outros líderes camponeses fundam o Sindicato dos Trabalhadores Rurais Autônomos de Pindaré-Mirim, o primeiro do Maranhão, que reúne cerca de mil famílias espalhadas por uma dezena de municípios e povoados no chamado Vale do Pindaré-Mirim, região marcada por violentos conflitos agrários. Depois do golpe de 1964, cerca de 200 líderes seriam presos e levadas para a capital do estado, e o sindicato, dissolvido. A entidade resistiria na clandestinidade até 1972, quando sucumbiria à repressão de Médici. Manoel seria preso nove vezes e barbaramente torturado.

15 de agosto de 1969 – ALN toma a Rádio Nacional em plena ditadura

A semana na história - 14 a 20 de agosto

Militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) tomam os transmissores da Rádio Nacional em São Paulo e divulgam manifesto de Carlos Marighella intitulado “Ao Povo Brasileiro”.

Tendo ao fundo o som do Hino Nacional, a gravação anuncia que o texto era de autoria do ex-deputado do PCB e líder guerrilheiro. O manifesto conclamava o povo a derrubar a ditadura.

“Atenção, muita atenção! Senhoras e senhores: tomamos esta emissora para transmitir a todo o povo uma mensagem de Carlos Marighella”. Com essa abertura, os ouvintes da Rádio Nacional paulista, afiliada da Rede Globo, foram alertados sobre o conteúdo que seria transmitido a seguir.

Na meia hora em que a estação esteve sob controle da ALN, a gravação foi repetida mais uma vez. No mesmo dia, o jornal paulistano “Diário da Noite” publicou em sua segunda edição o texto integral. 

Para realizar a ação, os militantes decidiram não ocupar o estúdio da rádio, que ficava no centro de São Paulo, mas sim a estação transmissora, localizada numa região afastada no município de Diadema.

Segundo o jornalista Mário Magalhães, no livro “Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, às 8h30 da manhã o sinal da rádio alcançaria um raio de 600 quilômetros.

No manifesto lido pelo militante Gilberto Luciano Belloque, Marighella repudia a acusação falsa de que a ALN seria responsável por incêndios recentes em três emissoras de TV, que ele classificou como “contra os revolucionários”.

O texto listava ainda as prioridades da guerra revolucionária: derrubar a ditadura e anular todos seus atos; expulsar os norte-americanos do país, expropriando suas empresas, seus bens e os de seus colaboradores; acabar com o latifúndio; a censura e retirar o Brasil da condição de satélite da política externa dos EUA.

19 de agosto de 1976 – Bombas atingem as sedes da ABI e da OAB

Uma bomba destrói as dependências da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro. Horas mais tarde, outro explosivo é encontrado na sede da seção carioca da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas foi desativado a tempo. Eram os primeiros de uma série de ações paramilitares contra entidades e cidadãos engajados na luta pela democracia, que se estenderiam até o governo seguinte e jamais foram esclarecidas.

Organizações semiclandestinas de direita, como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e Movimento Anticomunista (MAC), agiam no país desde antes do golpe de 1964. Pareciam inativas a partir de 1969, quando a repressão oficial se organizou em torno do DOI-Codi.

As bombas de agosto de 1976 foram assumidas por uma desconhecida Aliança Anticomunista Brasileira (AAB), título semelhante ao da Aliança Anticomunista Argentina (Triple A), que em três anos de existência havia executado cerca de 600 pessoas no país vizinho.

O retorno do terrorismo da direita no Brasil havia sido antecipado pelo comandante do 1° Exército do Rio, general Reynaldo Mello de Almeida, em janeiro. A previsão constava de um relatório sobre a reação dos militares à exoneração do comandante do 2° Exército, Ednardo D’Ávila Mello, após a morte do operário Manoel Fiel Filho sob tortura no DOI-Codi de São Paulo.

Na disputa interna da ditadura, as ações terroristas se encaixavam na resistência ao projeto de “distensão lenta, gradativa e segura” dos generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva.

O envolvimento direto do aparelho de repressão nessas ações seria claramente demonstrado em 1981, quando um agente do DOI-Codi morreu e outro ficou ferido na explosão acidental de uma bomba que seria usada para criar pânico em um show no Riocentro.

15 de agosto de 2003 – ‘Amarelo-manga’ consagra a volta do cinema autoral

A semana na história - 14 a 20 de agosto

O diretor Cláudio Assis lança “Amarelo-manga”, longa-metragem ambientado na periferia do Recife e que acaba por revelar um cinema de vanguarda fora do eixo Rio-São Paulo. Ao longo da primeira década dos anos 2000, o cinema nordestino (em especial o pernambucano) teria papel de destaque na produção cinematográfica brasileira. Nesse contexto, “Amarelo-manga” se torna um marco. O filme foi premiado nos festivais de Brasília, Berlim e Toulouse.

Realizado com um orçamento de apenas R$ 500 mil, “Amarelo-manga” utiliza-se da estética crua da violência e da escatologia para contar histórias relacionadas ao Hotel Texas — como a de seu atendente, apaixonado por um açougueiro às voltas com a esposa religiosa e a amante, ou a história de um hóspede que sente prazer em balear cadáveres e se interessa por uma desiludida dona de botequim.

Esse cinema autoral, surgido no início dos anos 2000, tem muito em comum com o Cinema Novo da década de 1960 o rompimento com o cinema comercial; a centralidade do periférico; o foco na pobreza, no sertão e na favela; a forma transgressora de retratar a subalternidade e a estética do choque e do contraste.

Agosto de 1991 – Mandela visita o Brasil em campanha

A semana na história - 14 a 20 de agosto
Rio de Janeiro (RJ) 01/08/1991 Nelson Mandela, (visita ao Brasil). Show na praÁa da apoteose. Mandela, Winnie Mandela e Leonel Brizola. Foto Guilherme Bastos / AgÍncia O Globo. Neg: 91-23742

O líder negro sul-africano Nelson Mandela faz visita de cinco dias ao Brasil. Libertado no ano anterior depois de passar 27 anos preso por lutar contra o regime de segregação racial em seus país, Mandela preparava sua candidatura para as eleições presidenciais previstas para 1994. Em viagens ao exterior, o líder cobrava de alguns governos (inclusive do brasileiro) a manutenção das sanções comerciais à África do Sul até que o direito de voto fosse garantido também aos cidadãos negros do país.

Depois de passar pelo Rio, Brasília, Vitória, São Paulo e Salvador, declarou-se “sufocado de tanto amor” no Brasil. Mandela voltaria em 1998, como presidente para uma visita oficial ao colega Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, recebeu uma comitiva do PT, liderada por Luiz Inácio Lula da Silva.

A eleição de Mandela, em abril de 1994, marcaria o fim do apartheid na África do Sul. Resultado de uma transição conduzida conjuntamente pelo presidente Frederik De Klerk, do Partido Nacional, e pelo líder recém-libertado, foi a primeira eleição multirracial e multipartidária desde 1948.

A política de segregação racial implantada no país a partir daquele ano impôs humilhação, pobreza e isolamento à população negra por parte da minoria branca. O advogado e ativista Nelson Mandela tornou-se uma liderança contra as injustiças do apartheid. Depois de ser perseguido acabou sendo condenado à prisão perpétua em 1964. Mesmo na cadeia, o líder continuou a inspirar as ações do movimento negro sul-africano. A luta pela sua libertação tornou-se global, com pressões e sanções por parte de organismos internacionais e governos à África do Sul.

Entre 1985 e 1988, sob o governo de Pieter Botha, a violência contra os negros atingiu níveis extremos. Em 1989, Frederik De Klerk sucedeu Botha. Na abertura do Parlamento, em 2 de fevereiro de 1990, o novo presidente assumiu o fracasso do apartheid e os males que o regime causou à população. O Congresso Nacional Africano, partido dos resistentes na clandestinidade, foi legalizado. Mandela foi libertado semanas depois. As leis segregacionistas foram, aos poucos, abolidas – não sem resistência da minoria branca e com garantias muitas vezes frágeis. A luta ainda não tinha terminado, mas a força política de Mandela libertado conseguiria consolidar as conquistas e direitos dos negros sul-africanos.

19 de agosto de 2003 – Atentado em Bagdá mata Vieira de Mello

Um atentado terrorista arrasa a sede da ONU em Bagdá e deixa 22 mortos, entre eles o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos e, naquele momento, representante especial no Iraque do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Por sua postura humanista e profissional e pela defesa da democracia, Sérgio Vieira de Mello era tido como referência mundial no tema dos direitos humanos. Nascido no Rio de Janeiro em 1948, tornou-se funcionário das Nações Unidas em 1969, atuando, na maior parte do tempo, no Alto-comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

17 de agosto de 2010 – Petrobras obtém lucro recorde

A Petrobras anuncia lucro líquido de R$ 16,021 bilhões no primeiro semestre do ano, valor 11% superior ao mesmo período do ano anterior. É o maior lucro líquido consolidado de uma empresa brasileira até hoje. O resultado foi impulsionado pelo aumento do preço médio do barril de petróleo e pelo maior volume de vendas. A produção de petróleo e gás subiu 3% em relação ao primeiro semestre de 2009, atingindo produção diária de 2,033 milhões de barris — um recorde. Os investimentos também aumentaram, totalizando R$ 38,1 bilhões. A Petrobras era a maior empresa brasileira em valor de mercado. Em 2010, o processo de capitalização da companhia seria o maior da história mundial: R$ 120 bilhões.