A luta dos estudantes
UNE quer auxílio em dinheiro para universitários de baixa renda e anuncia que vai ouvir estudantes sobre mudanças na universidade. “A evasão é um desperdício de potencial da juventude”, diz a nova presidenta da entidade Manuella Mirella
Isaías Dalle
Garantir a permanência dos estudantes no ensino superior até a conclusão dos cursos e ouvir deles quais as mudanças desejadas para uma futura reforma universitária são duas das principais frentes de luta da União Nacional dos Estudantes (UNE) para os próximos anos. Quem afirma é a nova presidenta, Manuella Mirella, eleita para a gestão 2023-2025. A líder estudantil recebeu 74% dos mais de 6 mil votos no 59º Congresso da UNE.
Mirella acredita que uma parte do primeiro objetivo será alcançado com a consolidação da chamada assistência estudantil. O programa proposto pela UNE ao governo Lula garante auxílio em dinheiro para moradia, alimentação e transporte destinado a universitários de famílias de baixa renda.
“A evasão é um imenso desperdício de potencial e energia da nossa juventude e produz efeitos graves ao desenvolvimento do país”, constata. “Vamos levar ao Congresso a urgência em ter uma lei que garanta o Plano Nacional de Assistência Estudantil. Assim como garantir a renovação da lei de cotas atrelada à assistência estudantil”. Formada em Química, a pernambucana de 26 anos atualmente estuda Engenharia Ambiental.
Segundo o Mapa do Ensino Superior de 2021, divulgado pelo Instituto Semesp, ligado ao setor privado, a taxa de evasão nas universidades públicas em 2019 foi de 18,4%, e nas universidades privadas, de 30,7%.
O programa de assistência estudantil foi criado por decreto de julho de 2010, voltado para estudantes de renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. O presidente era Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Depois do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma, o desmonte da educação universitária, especialmente a pública, teve início. Com Bolsonaro, o setor atingiu o fundo do poço. A assistência estudantil foi um dos programas sacrificados.
Na outra frente de atuação, para colher propostas de mudanças no ensino superior, a UNE vai realizar uma campanha chamada UNE Volante, com visitas e debates entre estudantes de universidades de todo o país. As caravanas devem começar neste semestre, organizadas a partir do Circuito Universitário de Cultura e Arte, da própria UNE, com a ajuda dos centros estudantis e diretórios acadêmicos.
Segundo a presidenta Manuella Mirella, a UNE quer contar com a parceria de outras entidades e organizações da sociedade civil que atuam na educação. O objetivo é ousado. “Queremos discutir uma reforma universitária estruturante”, aponta. •