Presidente critica as exigências feitas pelos países europeus. “Não é possível que nós temos uma parceira estratégica, e haja uma carta adicional que faça ameaça a um parceiro estratégico”, alertou

Durante a viagem à Europa, o presidente Lula criticou repetidas vezes as novas exigências na área ambiental impostas pelos europeus em relação ao acordo da União Europeia com o Mercosul. O adendo ao tratado feito prevê sanções no caso do não cumprimento do Acordo Climático de Paris, algo que Lula classificou como “ameaças a um parceiro estratégico” em um discurso diante de Macron e outros líderes políticos na sexta, 23.

Lula bateu duro: “Temos a obrigação de fazer a coisa bem-feita, porque o mundo está de olho na gente. Vocês viram agora que o Congresso francês aprovou que não vai querer fazer acordo com o Mercosul, porque eles acham que o Brasil não vai poder cumprir as metas de Paris?”, questionou o mandatário, durante evento de lançamento do Plano Safra 2023-2024, na terça-feira, 27.

“E quem cumpre? Quem deles cumpriu alguma meta agora mais do que nós? Quem deles cumpriu? Então é importante que a gente seja sério para que a gente possa exigir seriedade e respeito do outro para conosco”, disse em Brasília.

O assunto também foi discutido com o próprio presidente francês durante um almoço oferecido por Macron no Palácio do Eliseu. Lula reiterou ao líder da França que o Brasil considera inaceitável o adendo que modifica o acordo aprovado em 2019. “O almoço com o presidente Macron foi importante porque colocamos nossa pauta em dia, ou seja, todos os problemas que tínhamos de levantar”, disse. “O mais sério é o acordo UE-Mercosul, no qual a França tem um papel importante e nesse momento há um início de contrariedade da França com relação ao acordo”.

A França contesta a ratificação do acordo, alegando, entre diferentes fatores, problemas de uso de pesticidas no Brasil que são proibidos na Europa, dumping e desequilíbrios entre os direitos trabalhistas dos dois blocos. “Eu acho normal que a França tente defender a sua agricultura, pode ser um ponto de mais dificuldade de inflexão, mas também é normal que eles compreendam que o Brasil não pode abrir mão das compras governamentais”, declarou Lula.

“Nós precisamos da União Europeia e a UE precisa muito de nós. É importante colocar um pouco da arrogância de lado e colocar o bom senso para negociar. Isso vale para eles e para a gente”, acrescentou. Ele disse que o Mercosul irá responder a carta adicional enviada pela UE e afirmou que isso será importante para “para estabelecer uma nova rodada de negociações” no encontro entre europeus e países latino-americanos e caribenhos (Celac) que ocorrerá em julho na Bélgica. •

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