5 de julho de 1937 – Universidade do Brasil é criada

Numa cerimônia no Palácio do Catete, com a presença dos ministros Gustavo Capanema, Macedo Soares e Odilon Braga e do chefe de polícia do Distrito Federal, Filinto Müller, Getúlio Vargas sanciona o decreto criando a Universidade do Brasil.  A instituição destinava-se aos jovens da elite, que se submeteriam a rigoroso processo de seleção para ingressar na instituição. E fixaria um padrão único de ensino superior para todo o país, baseado na existência de uma cidade universitária cujo núcleo de integração seria uma faculdade de filosofia, ciências e letras.

8 de julho de 1940 – Vargas institui o imposto sindical

O presidente Getúlio Vargas assina decreto criando o imposto sindical. O tributo será pago por meio de desconto, em folha de pagamento, do valor correspondente a um dia de trabalho por ano de cada trabalhador, sindicalizado ou não; os empregadores também contribuem. O imposto financiaria as atividades dos sindicatos e os honorários de sua direção. O governo justificou sua existência argumentando que ela estimularia a criação de entidades representativas de trabalhadores e patrões, sem a necessidade de campanhas para conquista de novos associados, uma vez que o imposto seria compulsório.

4 de julho de 1942 – A UNE avisa: ‘estamos com a democracia!’

Em manifestação promovida pela União Nacional dos Estudantes (UNE), alunos de universidades e colégios do Rio fazem um enorme desfile antifascista no centro da capital, no aniversário da independência dos EUA. Aplaudidos pelas pessoas nas janelas dos prédios, eles dão vivas à democracia e desfilam com cartazes e carros alegóricos, mostrando muito humor e satirizando os líderes dos países do Eixo.

Naquele dia, além de Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, de Alzira Vargas e Ernâni do Amaral Peixoto — marido dela e interventor federal no Rio —, foram também homenageados os marujos dos navios afundados na costa brasileira por submarinos alemães.

Os estudantes seguiram pelas ruas gritando por liberdade. Um carro alegórico, que apresentava Hitler, Mussolini e o imperador Hiroito (do Japão) “presos” numa gaiola, foi ovacionado.

3 de julho de 1951 – Lei Afonso Arinos pune o racismo no Brasil

É sancionada a lei de autoria de Afonso Arinos de Melo Franco, deputado da UDN de Minas Gerais, que torna contravenção penal a discriminação racial no Brasil. Afonso Arinos apresentara o projeto um ano antes, quando soube que seu motorista particular, negro, casado com uma catarinense descendente de alemães, havia sido barrado numa confeitaria do Rio de Janeiro.

Inicialmente, o projeto sofreu forte resistência, até que, meses depois, um hotel de São Paulo se recusou a hospedar a famosa bailarina norte-americana Katherine Dunham, também negra. A humilhação sofrida pela artista, que também era antropóloga e pesquisadora da cultura africana, teve grande repercussão na sociedade brasileira.

1º de julho de 1944 – A FEB entra na Guerra: a cobra vai fumar!

O primeiro grupo de pracinhas brasileiros, composto por cerca de cinco mil homens, chefiados pelo general Zenóbio da Costa, desembarca na Itália. Lá se juntarão às tropas do 5º Exército norte-americano, integrante do 10º Grupo de Exércitos Aliados. Seu objetivo é impedir o deslocamento alemão para a França, onde se prepara a ofensiva final aliada.

O envolvimento direto do Brasil no conflito, nascido de intensa pressão popular, também havia sido objeto das negociações entre os presidentes Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas no encontro que tiveram em Natal, em fevereiro de 1943. Na ocasião, Getúlio condicionara o envio das tropas ao reaparelhamento das nossas Forças Armadas.

Em 9 de agosto daquele ano, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), chefiada pelo general João Batista Mascarenhas de Morais. A FEB adotou como símbolo o desenho de uma cobra com um cachimbo na boca, e o slogan: “A cobra vai fumar”. Era uma resposta aos críticos que, diante da lentidão na formação da FEB — cerca de dois anos entre a declaração de guerra à Alemanha e o embarque dos pracinhas —, diziam que era mais fácil a cobra fumar do que combatermos na Europa.

As primeiras vitórias brasileiras ocorreram em setembro de 1944, com a tomada das localidades de Massarosa, Camaiore e Monte Prano. No início do ano seguinte, os pracinhas participaram da conquista de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese.

Até fevereiro de 1945, cinco escalões chegariam à Itália, juntamente com cerca de 400 homens da Força Aérea Brasileira. Ao todo, a FEB contou com um efetivo de um pouco mais de 25 mil pessoas — entre eles, personalidades que se tornariam famosas, como o economista Celso Furtado, o artista plástico Carlos Scliar, o escritor Boris Schnaiderman e o historiador Jacob Gorender.

Julho de 1944 – Assinado o acordo de Bretton-Woods

Sob a liderança dos Estados Unidos, mais de 700 delegados de 44 países se reúnem para planejar a economia do mundo pós-guerra e evitar crises geradas por flutuações cambiais, como a que sucedeu à 1ª Guerra Mundial. A Conferência monetária e financeira das Nações Unidas realiza-se na pequena localidade de Bretton Woods, no estado norte-americano de New Hampshire.

O processo começou três anos antes, a partir dos planos elaborados por Harry Dexter White, nos Estados Unidos, e John Maynard Keynes, no Reino Unido. Na reunião, obteve mais adeptos a proposta dos Estados Unidos.

Com o objetivo de garantir a estabilidade monetária e financeira das nações capitalistas, ficou decidido que o dólar seria a moeda mais forte do planeta e referência mundial. Ou seja, cada país se comprometeu a manter a taxa de câmbio indexada ao dólar, e o valor deste, por sua vez, ficou ligado ao do ouro.

Foram criadas duas instituições financeiras internacionais: o International Bank for Reconstruction and Development — Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento  (Bird) — e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Julho de 1961 – Furtado explica o subdesenvolvimento

O economista Celso Furtado lança o livro “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento”, que consolida seu pensamento econômico. Furtado esteve na origem da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), criada em 1948 para discutir as dificuldades do continente e as possíveis soluções. Na obra, constatou que a expansão das economias capitalistas em direção a regiões pré-capitalistas produzira sistemas híbridos, nos quais conviviam as duas formações. Essa característica do subdesenvolvimento latino-americano, só poderia ser superado com uma atuação estatal planejada.

6 de julho de 1977 – Cientistas contra a ditadura militar

Por interferência direta do arcebispo dom Paulo Evaristo Arns, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo sedia a 29ª reunião da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC). O encontro deveria ter ocorrido em Fortaleza (CE), mas foi sabotado pelo governo federal, que negou verbas e locais públicos para as reuniões. Os encontros anuais da SBPC proporcionavam contatos diretos entre cientistas, intelectuais e estudantes de todo o país, nos quais os debates políticos se tornavam cada vez mais intensos. Com a sabotagem ao encontro de Fortaleza, a ditadura acabou chamando mais atenção para a reunião. Moções em defesa da anistia, das liberdades democráticas, pela reintegração de professores cassados, entre outros temas políticos, foram aprovadas ao final do encontro e tiveram repercussão nacional.

Julho de 1975 – Mulheres iniciam luta pela anistia

O Movimento Feminino Pela Anistia (MFPA) é lançado pela ex-prisioneira política Therezinha Zerbini numa sessão do Congresso do Ano Internacional da Mulher. Ela era casada com o general Euryales Zerbini, um dos quatro oficiais-generais que resistiram ao golpe de 1964. O militar foi deposto do comando da unidade do Exército em Caçapava (SP), preso, reformado e cassado. Therezinha havia sido presa em 1970 e passou seis meses no Presídio Tiradentes, onde foi companheira de cela de Dilma Rousseff.

O manifesto do MFPA reuniu 16 mil assinaturas em todo o país, especialmente no Rio Grande do Sul. O movimento tinha existência legal e foi muito importante por abrir espaço para a militância democrática de setores da classe média que não tinham vínculos com a esquerda ou com a oposição institucional. O MFPA recebeu o apoio da Igreja Católica, do MDB e de entidades de classe.

7 de julho de 1975 – Nasce ‘Movimento’, um jornal sem patrões

Chega às bancas o primeiro número do semanário “Movimento”, que teria grande influência no debate político da esquerda e das forças democráticas do país. Criado por um grupo de profissionais saídos do jornal “Opinião” liderado por Raimundo Rodrigues Pereira, “Movimento” tinha a proposta de ser “um jornal de jornalistas”, sem um empresário na direção.

A nova publicação tinha um programa explícito em defesa de uma frente de oposição à ditadura e da convocação de uma Assembleia Constituinte. Cobriu as greves do ABC, o surgimento da liderança de Lula e dos novos movimentos populares. Deu destaque também aos problemas urbanos, como a crise do transporte público.

Desde a primeira edição, o jornal esteve sob censura prévia, que durou três anos e vetou 3.093 artigos na íntegra, 3.162 ilustrações e cerca de 4,5 milhões de palavras. O jornal circulou até novembro de 1981 e teve cinco de suas 334 edições apreendidas nas bancas.  

6 de julho de 1983 – Cortes do FMI levam petroleiros à greve

Petroleiros de Campinas e Paulínia (SP) entram em greve reivindicando estabilidade no emprego, em reação ao corte de investimentos nas estatais. A Petrobrás e outras companhias haviam sido atingidas pelo pacote imposto ao país pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O Ministério do Trabalho decretou intervenção no sindicato. Cerca de 60 mil metalúrgicos de São Bernardo (SP) paralisaram o trabalho em solidariedade. A Petrobrás demitiria 353 trabalhadores com direito à estabilidade. Sob o general Figueiredo, a ditadura ameaçou decretar estado de emergência em São Paulo.

7 de julho de 1978 – Ato reorganiza o movimento negro

Militantes de grupos negros e parte da sociedade realizam em São Paulo grande manifestação contra o racismo. Em frente às escadarias do Teatro Municipal, mais de 2 mil pessoas protestaram contra episódios de violência contra negros. Foi o marco da criação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR), depois rebatizado simplesmente de MNU.

Em maio, a polícia militar assassinara sob tortura Robson Silveira da Luz, um jovem de 22 anos. Ele havia sido preso, acusado de roubar frutas. À sua mulher grávida, a polícia disse que ele sofrera um acidente. Em outro acontecimento, quatro jogadores de vôlei negros foram impedidos de entrar num clube. Os  casos causaram forte comoção na sociedade civil.

1º de julho de 1990 – América Latina cria o Foro de São Paulo

Seminário internacional promovido pelo PT em São Paulo, em parceria com outras organizações e partidos de esquerda da América Latina, dá origem ao Foro de São Paulo. A organização é criada com o objetivo de buscar alternativas ao receituário neoliberal que começava a ser hegemônico no mundo.

Naquele ano fora lançado o Consenso de Washington, com receitas econômicas que, aplicadas por vários governos da região, tiveram resultados desastrosos. O fracasso posterior do neoliberalismo na América Latina contribuiria decisivamente para o surgimento na década seguinte de governos de esquerda e de centro-esquerda na maioria dos países.

Desde então, o Foro de São Paulo faz reuniões periódicas nos países que têm partidos ou organizações filiadas. São mais de cem, incluindo partidos com diferentes matizes de esquerda (esquerda, ultraesquerda, sociais-democratas e comunistas), organizações sindicais e sociais, grupos étnicos e movimentos da esquerda católica.

6 de julho de 2004 – Gil cria pontos de cultura na periferia

Em 6 de julho de 2004, por meio da Portaria 156, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, cria o Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania (“Cultura Viva”), com o objetivo de “promover o acesso aos meios de fruição, produção e difusão cultural, assim como de potencializar energias sociais e culturais, visando a construção de novos valores de cooperação e solidariedade”.

A partir desse programa, surgiriam os Pontos de Cultura — espaços físicos espalhados pelos estados numa rede de disseminação de diversos tipos de manifestações culturais, especialmente na periferia e no interior.

O financiamento dos Pontos de Cultura se daria por meio de recursos do governo Lula e de parceiros públicos e privados, selecionados por meio de editais públicos. Até o final de 2010, seriam implantados 3.920 Pontos de Cultura, com um investimento total de R$ 391,6 milhões na manutenção dos espaços e na promoção de atividades culturais.

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