Trump é acusado formalmente por crimes federais no tribunal de Justiça de Miami. Sonha em voltar à Casa Branca, mas é acusado de mentir e reter ilegalmente documentos de segurança nacional

O empresário estadunidense Donald Trump está prestes a mergulhar num processo criminal na Justiça Federal dos Estados Unidos que podem tirá-lo definitivamente da corrida presidencial pela Casa Branca. Na última terça-feira, 13, promotores federais formalizaram 37 acusações criminais contra o ex-presidente, apontando que ele mentiu reteve ilegalmente alguns dos segredos de segurança nacional mais sensíveis do governo. O caso corre na Justiça Federal de Miami.

Se Trump for condenado, a pena máxima de prisão varia de cinco a 20 anos de detenção. Mas especialistas disseram que era improvável que ele cumprisse tanto tempo de prisão, se fosse preso. Pode haver mais complicações legais por vir. A promotoria ainda está supervisionando uma investigação separada sobre a suposta interferência na eleição presidencial de 2020, assim como Fani Willis, a promotora distrital no condado de Fulton, Geórgia.

É a primeira vez na história dos Estados Unidos que acusações criminais federais são apresentadas contra um ex-presidente. O empresário — que tenta disputar novamente o governo dos EUA pelo Partido Republicano — acusou os promotores de realizar uma “caça às bruxas”. Jack Smith, o conselheiro especial nomeado pelo procurador-geral Merrick Garland para supervisionar as investigações contra o ex-presidente, estava presente no tribunal.

“Temos um conjunto de leis neste país e elas se aplicam a todos”, disse Smith, após a acusação ter sido aberta, há duas semanas. Ele encorajou o público a ler a acusação na íntegra “para entender o escopo e a gravidade dos crimes pelos quais o ex-presidente é acusado”. O processo inclui uma lista de 31 documentos que Trump supostamente escondeu, incluindo um sobre “as capacidades nucleares de um país estrangeiro” e outro sobre “suporte de países estrangeiros a atos terroristas”.

O ex-presidente se declarou inocente das acusações. Mais uma vez, Trump jogou para a plateia e posou de vítima. Ele descreveu o dia como “um dos mais tristes… da história do nosso país”. Pouco antes de entrar no tribunal, declarou: “Somos uma nação em declínio”. É a segunda vez este ano que Trump é forçado a apresentar um recurso diante de acusações criminais depois de ter sido indiciado, em março, por promotores de Manhattan sob a acusação de falsificar registros comerciais.

A promotoria também acusou Waltine Nauta, uma ex-assessora da Casa Branca que trabalhava como assistente de Trump, como conspiradora. Nauta é acusada de mover caixas de documentos ao redor da propriedade de Mar-a-Lago a pedido do ex-presidente. A dupla foi convocada para comparecer no tribunal federal em Miami, na terça-feira.

As imagens de televisão da carreata do serviço secreto de Trump viajando para o tribunal ao longo de um trecho fechado da rodovia na Flórida foram surpreendentemente semelhantes às cenas que se desenrolaram em Nova York há pouco mais de 10 semanas. As acusações têm o potencial de atrapalhar a campanha presidencial de 2024. Trump é tido pela mídia estadunidense como o favorito para ganhar a indicação republicana, ao mesmo tempo em que aprofunda as divisões entre os americanos.

Desde que a histórica revelação das 37 acusações foi revelada, Trump atacou o governo Biden e os promotores que estão à frente do caso, rotulando-o de “ridículo e infundado”. Juristas destacaram à imprensa norte-americana que ficaram surpresos com a amplitude de evidências apresentadas pelo Departamento de Justiça. Entre outras acusações, Trump é suspeito de conspiração para obstruir a justiça, ocultar documentos em uma investigação federal e fazer declarações falsas.

A promotoria alega que Trump moveu ilegalmente material confidencial para sua residência em Mar-a-Lago, Flórida, depois de deixar a Casa Branca em 2021. E mais. Diz que ele, posteriormente, mentiu durante a investigação do governo sobre os registros. A acusação inclui fotos das caixas de documentos confidenciais empilhadas em um banheiro, no salão de baile e ba sala de armazenamento em Mar-a-Lago, sua propriedade que também é um movimentado local para eventos.

O caso será ouvido por Aileen Cannon, uma juíza federal nomeada pelo próprio Trump. No ano passado, ela concedeu um pedido da defesa de Trump para indicar um “mestre especial” para revisar os registros apreendidos pelo FBI em Mar-a-Lago, embora essa decisão tenha sido anulada por um tribunal de apelação. •

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