Um “juiz” sem caráter
A passagem de Sérgio Moro pelo Judiciário ficará como uma nódoa difícil de apagar nos anais da República. Desconsiderando totalmente os ensinamentos do decano do direito pátrio, Rui Barbosa, Moro desconhece discrição, honradez e tirocínio. É mau exemplo para as gerações futuras que almejam servir ao país sob o manto de operadores da Justiça.
Dizia Rui: “É a magistratura que vos ide votar? Elegeis, então, a mais eminente das profissões a que um homem pode se entregar…Todo bom magistrado tem muito de herói em si mesmo, na pureza imaculada e na plácida rigidez. Que nada se dobra e de nada se tema”.
Se vivo fosse, o jurista falecido em 1º de março de 1923, há 100 anos, veria que seus ensinamentos foram pervertidos pelo então juiz e pelos procuradores da jocosamente intitulada “República de Curitiba”. Estes entrarão pelas portas dos fundos da história pelo crime de lesa-pátria. São eles que, pelo uso e abuso indevido do aparelho de Estado, interferiram no processo político e colaboraram com crimes para que o indefectível Bolsonaro vencesse as eleições de 2018.
As denúncias proferidas pelo advogado Rodrigo Taclan Duran, ao juiz responsável pela 13º Vara Federal é mais um capítulo da trama dantesca urdida pelos “justiceiros de ocasião”. Segundo Duran, havia na Operação Lava Jato um esquema de propinas que era imposto aos acusados. Uma extorsão.
As acusações de Tacla Duran ainda estão a provar-se. Tudo dentro do devido processo legal e o direito ao contraditório, os mesmos princípios que foram negados aos acusados quando os indigitados estavam no comando da Lava Jato.
Porém, os dois personagens já foram beneficiados politicamente pelas tramoias. Moro e o então procurador da República Deltan Dalagnol desfrutam de mandatos de senador e deputado federal, respectivamente, no intuito de encobrir com o manto do foro privilegiado seus crimes anteriores.
Os malefícios à cidadania brasileira terão inevitavelmente que ser passados a limpo. Não se contribui para quebra da credibilidade das instituições e se sai impunemente. A história não os absolverá. Jamais! •