Banco Central antinacional
O BC autônomo, como é hoje, significa que um dos sustentáculos da política econômica está apartado dos demais. Tecnocratas contrariam a vontade do povo nas eleições presidenciais de 2022
É inaceitável a decisão do Copom de manter a taxa Selic em 13,75%. O Banco Central, ao prosseguir com a escorchante taxa de juros — que leva à taxa real mais alta do mundo — deu sequência à atuação contrária aos interesses do povo brasileiro, inviabilizando o crescimento da economia e a geração de empregos. Trata-se, claramente, de uma verdadeira sabotagem aos interesses nacionais.
A estratosférica Selic, injustificável sob qualquer parâmetro técnico, tem efeitos inócuos para frear a inflação de custos, é ineficaz para controlar a demanda e ainda eleva os custos financeiros das empresas. Juros altos, como hoje, comprometem a competitividade da indústria e suas perspectivas de crescimento.
Inviabilizam investimentos produtivos – a rentabilidade da maioria dos empreendimentos legais é menor que o custo dos empréstimos e ainda carrega risco. Com a indústria em dificuldades e a economia sem investimentos, o país não cresce, o desemprego permanece alto e os salários, baixos.
Os gestores que ainda conduzem o Banco Central – herança maldita do governo anterior, depois de uma draconiana mudança da legislação que garantiu autonomia completa à entidade, como se fosse um outro país — não estão preocupados com o Brasil e os interesses coletivos. Estão agindo de forma irresponsável para aumentar recessão, desemprego e sabotar o governo do presidente Lula.
A alta taxa de juros impacta decisivamente a qualidade de vida da população, pois ataca frontalmente a geração de empregos e renda, compromisso maior do governo Lula. Promove o desestímulo generalizado para investimentos de micro, pequenas, médias e grandes empresas. E a dívida pública cresce geometricamente, drenando recursos que podiam ser destinados à implementação de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida da população.
Já passou da hora de o soberbo presidente do BC, Roberto Campos Neto, comparecer ao Congresso Nacional para dar explicações sobre a política do banco que atende apenas aos interesses de especuladores e rentistas. Esse foi, na realidade, o objetivo do projeto, aprovado no governo passado, que concedeu autonomia formal ao Banco Central: um órgão estratégico ficou descolado das plataformas dos governos escolhidos pelo povo nas urnas. Um verdadeiro bunker burocrático à mercê da influência do já privilegiado sistema financeiro.
A verdade nua e crua é que a tecnocracia pode ser capturada e manipulada por interesses do chamado mercado, ignorando os interesses nacionais. Hoje, há o espectro da paralisação de atividades produtivas por conta da irresponsável política monetária do BC. Alega-se que o objetivo é controlar a inflação, mas a verdade é que essa terapia equivale à pratica de um médico de matar o doente para curar a doença.
Nós, da bancada do PT, entendemos que a volta do desenvolvimento econômico e social demanda a integração de todos os instrumentos de política econômica — fiscal, monetária, creditícia e cambial. O BC completamente autônomo, como é hoje, significa que um dos sustentáculos da política econômica está apartado dos demais, com um grupo de não eleitos contrariando a decisão do povo nas eleições presidenciais.
A manutenção da taxa Selic configura recompensa aos rentistas e especuladores e extorsão e sabotagem aos setores produtivos e a todo o povo brasileiro. •