Intelectual e general do Exército, Nelson Werneck Sodré, nos estertores de uma longa e prolífica carreira de estudioso dos problemas nacionais, lançou o livro intitulado “A farsa do neoliberalismo”, em 1995. Sua última obra. O caráter premonitório do livro demonstra a sua perfeita atualidade. “A concentração da renda é um fenômeno mundial e assinala apenas a crise do capitalismo que, por isso mesmo, procura reordenar o mundo de acordo com os interesses do capital”, aponta Sodré. 

Fragmentos da vaga neoliberal expandiram-se pelo mundo, principalmente no início dos 1980 com a ascensão de Ronald Reagan e Margareth Thatcher, nos EUA e no Reino Unido respectivamente. O ascenso dessa matriz econômica acabou transformando os bancos centrais em porta giratória dos mercados financeiros. Em vez de agirem como reguladores e agentes de política monetária atacando a inflação, mas também promovendo estímulos ao pleno emprego, atuam meramente como “regulamentadores” das dívidas públicas exercendo políticas contracionistas que dificultam o crescimento das economias. 

Não é, por exemplo, o que assistimos atualmente no Brasil? A iniciativa de promover a chamada autonomia do BC — uma velha aspiração do rentismo brasileiro, posta em ação pelo Chicago boy Paulo Guedes —, longe de cumprir o ideário aprovado pelo Congresso na lei que lhe deu origem, só se preocupa com as metas de inflação. Esquece da geração de emprego. Daí vêm esse verdadeiro “garrote” sobre a economia: os juros estratosféricos de 13,75%, inibindo o investimento e o crescimento da economia. 

A responsabilidade com as contas públicas sempre foram a tônica dos governos liderados por Lula. Ele foi o presidente que zerou a dívida com o FMI e abriu caminho para o aumento exponencial das reservas cambiais brasileiras. São os US$ 375 bilhões que sustentam o país e inibem os solavancos das crises internacionais e seus reflexos sobre o Brasil. 

O futuro da Nação passa pelo crescimento. É preciso inocular a esperança nos corações e mentes do povo brasileiro. Isso requer justiça social e cidadania. Não dá mais para as velhas elites implementarem o seu surrado mantra: “farinha pouca, meu pirão primeiro. 

`