China critica acordo
Pequim diz que é perigosa a aliança entre EUA, Reino Unido e Austrália para a construção de submarinos nucleares. “Exala mentalidade da Guerra Fria e alimenta corrida armamentista”, diz porta-voz
A China criticou abertamente o acordo fechado pelos Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Austrália para a construção de submarinos movido a energia nuclear. O governo de Xi Jinping diz que a aliança entre os três países abre caminho perigoso.
“Os três países estão se movendo cada vez mais por um caminho errado e perigoso, pensando em seus próprios interesses e desconsiderando a preocupação da comunidade internacional”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.
“O programa do submarino nuclear exala uma mentalidade de Guerra Fria e servirá apenas para alimentar uma corrida armamentista, minar o sistema internacional de não proliferação nuclear e prejudicar a paz e a estabilidade regional”.
A Rússia, que deseja estreitar seus laços com a China, também acusou as potências ocidentais de fomentar “anos de confronto” na região do Pacífico. “O mundo anglo-saxão constrói estruturas de blocos como AUKUS, avançando a infraestrutura da OTAN na Ásia e apostando seriamente em longos anos de confronto”, disse o chanceler Sergei Lavrov.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou que cuidará para que “nenhum risco de proliferação emana deste projeto”. Durante visita a Washington, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse que sua obrigação é monitorar as “grandes quantidades de material nuclear enriquecido a níveis muito altos” entregues à Austrália, país que até agora estava isento dessa tipo de inspeções por não ser uma potência nuclear.
O presidente dos EUA, Joe Biden, juntamente com os primeiros-ministros australiano e britânico, Anthony Albanese e Rishi Sunak, anunciaram a cooperação “sem precedentes” da base naval de San Diego. “Estamos na melhor posição para enfrentar juntos os desafios de hoje e de amanhã”, disse.
Nenhum dos três líderes mencionou explicitamente a China, mas Biden afirmou que a AUKUS garantiria que a área da Ásia-Pacífico “permanecesse livre e aberta”, uma fórmula que aponta para o desejo de contrariar a influência chinesa na região. O primeiro-ministro australiano chamou a aliança de “o maior investimento individual na capacidade de defesa da Austrália em toda a nossa história”.
O governo australiano estima que o projeto de várias décadas custará cerca de US$ 40 bilhões nos primeiros dez anos e criará cerca de 20.000 empregos. A Austrália é o segundo país depois do Reino Unido a ter acesso à tecnologia nuclear secreta dos EUA. Sunak também insistiu nos esforços para aumentar o orçamento de defesa do Reino Unido, prometido no “mais importante acordo multilateral de defesa em gerações”.
O programa submarino de ataque, que busca adaptar a presença militar ocidental no Pacífico, será realizado em três etapas, detalhou a Casa Branca. E será baseado em um princípio “crucial”, reiterou Biden: “Esses submarinos serão movidos a energia nuclear, mas não carregarão armas nucleares” para respeitar o princípio de não-proliferação.
O objetivo é implantar, a partir de 2027 e de forma rotativa, quatro submarinos americanos e um submarino britânico na base australiana de Perth. Em uma segunda parcela, a Austrália comprará três submarinos norte-americanos movidos a energia nuclear da classe Virginia, com opção em outros dois. Eles devem ser entregues a partir de 2030. •