O Brasil de volta à civilidade
A catástrofe no litoral paulista revelou que o Brasil caminha rumo à volta da normalidade, num cenário que inclui a firme reação das instituições democráticas aos golpistas que invadiram a capital
Em duas calamidades provocadas por fenômenos naturais — a tragédia ocorrida no período de carnaval, no litoral norte paulista, e a seca no Sul do País – o presidente Lula mostrou firmeza de ação que mostra o resgate do papel do governo central e a normalização das relações com os entes federados, independentemente de o estado ou a prefeitura serem governados pela oposição. Esse novo ambiente institucional é importantíssimo para tirarmos o Brasil da crise econômica, social e ambiental dos últimos quatro anos.
O governo anterior — negacionista, antipopular, antinacional e autoritário —, ficou de costas para o povo brasileiro em momentos dramáticos, como durante as chuvas que castigaram a Bahia no final de 2021, deixando dezenas de mortos e milhares de desabrigados. O indolente presidente de então preferiu continuar andando de jet-ski em Santa Catarina enquanto baianos enfrentavam a tragédia.
Em contraste, em 2023, Lula interrompeu seu descanso na Bahia para visitar o litoral Norte de São Paulo. Sobrevoou áreas atingidas pelas tempestades e, em São Sebastião (SP), se reuniu com lideranças e autoridades locais para se informar sobre a crise na cidade e colocar diferentes instituições do governo federal no socorro às vítimas da tragédia, que matou dezenas de pessoas.
Por determinação de Lula, diversos ministérios e órgãos do governo federal foram acionados para atender à população, incluindo medidas imediatas de socorro e apoio ao resgate dos moradores, com atuação da Defesa Civil, Forças Armadas e Polícia Federal, entre outros órgãos federais.
Governar o Brasil é agir em defesa dos interesses nacionais, buscar a pacificação e o desenvolvimento econômico e social, com mais saúde, educação, geração de empregos e renda, defesa do meio ambiente e de nossas riquezas naturais. É também, como disse Lula, atuar para evitar a repetição de catástrofes como as do litoral de São Paulo. Se as torrenciais chuvas que provocaram a tragédia são decorrência das mudanças climáticas, a ocupação dos morros e montanhas, não. Pessoas pobres morreram por morarem em locais inadequados, sem alternativas de moradia e com vista grossa do poder público para a irregularidade. É hora de dar um basta a isto.
É preciso destacar que Lula autorizou em 23 de fevereiro o repasse de R$ 430 milhões para ações emergenciais destinadas a mitigar os prejuízos e danos provocados pela estiagem no interior do estado do Rio Grande do Sul. Os recursos serão destinados às áreas da agricultura, desenvolvimento social e defesa civil. Como São Paulo, o estado é governado por um partido de oposição.
O interesse coletivo está acima de questões partidárias e ideológicas, como bem frisou Lula, numa entrevista ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB). O ato, por si só, simboliza a restauração da federação e da democracia no país.
A cena passa para a história, depois de o Brasil viver durante quatro anos num clima permanente de guerra e intolerância: três políticos dos três âmbitos da Federação, de partidos e gerações diferentes, mostraram que podem atuar com civilidade e racionalidade em torno do interesse comum.
A catástrofe no litoral paulista revelou que o Brasil caminha rumo à volta da normalidade, num cenário que inclui a firme reação das instituições democráticas contra a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro, com a identificação, prisão e indiciamento dos aventureiros golpistas. •
Deputado federal pelo Paraná, é líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados