“O Brasil não pode mais esperar por crescimento”
No aniversário do PT, a presidenta da legenda fala à militância que segue na marcha por dias melhores: “Duas palavras resumem o compromisso e o desafio que temos: crescimento e empregos”
É com muito orgulho, de cabeça erguida, que estamos aqui hoje para celebrar os 43 anos do partido que foi criado para mudar o Brasil. E mudou. E é também com imensa responsabilidade, porque o povo brasileiro nos conferiu mais uma vez a missão de conduzir o governo, através do nosso sempre presidente Lula, para reconstruir um país destroçado e resgatar a esperança num futuro melhor e mais justo.
O PT é fruto da consciência política da classe trabalhadora brasileira e dos que sempre foram excluídos ao longo da história. Consciência forjada na luta por melhores condições de vida, na cidade e no campo, nas organizações de base, nas grandes mobilizações pelo direito de greve e de livre organização, pelo direito de participar ativamente das grandes decisões nacionais.
O PT nasceu lutando por liberdade e democracia, num tempo em que o Brasil era oprimido pela ditadura. Nasceu para dar voz à imensa maioria silenciada pela violência e pela miséria. Nossa força brotou nos sindicatos de trabalhadores urbanos e rurais, nas comunidades eclesiais de base, recebendo a importante contribuição de notáveis militantes políticos e intelectuais comprometidos com os ideais de igualdade e justiça social.
Estes ideais marcam rigorosamente a trajetória do PT até os dias de hoje. Estamos e estivemos com o povo, defendendo a agenda dos direitos sociais e da transformação do país, na campanha pelas diretas, na Assembleia Constituinte, na oposição aos governos antipopulares, no Congresso Nacional e nas ruas. Estivemos e estamos novamente com o povo, à frente do governo federal.
Não foi uma caminhada fácil – nunca foi, especialmente nos anos recentes, em que um modelo excludente, submisso a poderosos interesses econômicos internos e externos, voltou a oprimir os trabalhadores e fez o país regredir em todos os sentidos.
Para sustentar aquele modelo, contrário aos interesses da imensa maioria da população, o PT foi perseguido e demonizado. Nosso governo, o governo da presidenta Dilma Rousseff, foi deposto por um golpe. Nosso maior líder, o presidente Lula, foi injusta e ilegalmente condenado, teve os direitos cassados e amargou 580 dias de prisão sem culpa.
Fomos atacados com violência inigualável: decretaram o fim do presidente Lula e a morte do PT. Mas não conseguiram arrancar nossas raízes, porque elas estão plantadas no coração do povo brasileiro.
Denunciamos cada ato de revogação de direitos e destruição do país. Disputamos eleições contra máquinas poderosas de desinformação e abuso do poder. Lutamos pela verdade até o dia em que a Justiça foi restabelecida e tornou-se realidade nossa palavra de ordem: Lula Livre!
Aqui faço uma homenagem a todos que estiveram com a gente nessa luta, e em especial à militância da Vigília Lula Livre, que ao longo de 580 dias e noites deu vida e voz ao sentimento de solidariedade diante da prisão política. Sem vocês, a história não teria sido a mesma.
E porque nunca desistimos de lutar, a esperança voltou a brilhar nos olhos de nossa gente, no momento em que o espectro do autoritarismo voltou a ameaçar o país, 34 anos depois da redemocratização que custou a luta da sociedade e a própria vida de incontáveis brasileiras e brasileiros.
Foi para superar essa ameaça – de um retrocesso ainda maior – que se formou em torno da chapa Lula-Alckmin a frente democrática e popular vitoriosa nos dois turnos da eleição. Nós, do PT, temos orgulho do papel que desempenhamos na construção desse movimento, reunindo aliados de sempre e adversários de ontem para defender a democracia, com os olhos no presente e no futuro do país. Foi muito importante nesse processo o papel da Federação que formamos com PCdoB e PV, além de todos os demais aliados.
A campanha de 2022 foi certamente a mais difícil que enfrentamos nesses 43 anos. Nunca tantos recursos imorais e escusos foram mobilizados para corromper o pleito e sustentar um projeto autoritário de poder. Ódio e mentira disseminados em escala industrial nas redes sociais, igrejas, escolas e veículos de mídia venais. R$ 300 bilhões do Orçamento e do Tesouro desviados para ações eleitoreiras. A chantagem desabrida de patrões contra trabalhadores.
A própria realização das eleições foi ameaçada. Tentaram desacreditar a urna eletrônica e a Justiça Eleitoral, que cumpriu com destemor seu dever. Reconhecida a vontade das urnas, dentro e fora do país, com o presidente já governando, os derrotados tentaram um golpe de força. A selvageria foi contida graças à reação enérgica do presidente Lula e ao repúdio do Legislativo, do Judiciário, da sociedade brasileira e da comunidade internacional.
Os que atentaram contra a democracia, contra o povo e o país, desde antes do infame dia 8 de janeiro, hão de responder por seus crimes, para que não voltem a repeti-los. É sem anistia!
Por tudo isso, neste aniversario de 43 anos, celebramos também a resistência e a luta, do PT e das forças democráticas, que fizeram renascer a esperança e a confiança no futuro do país.
Hoje, duas palavras resumem o compromisso e o desafio que temos diante de nós: crescimento e empregos.
Elas se desdobram em políticas de geração de renda e oportunidades, de superação da fome e da pobreza que voltaram a assolar nossa gente. E de ações voltadas ao desenvolvimento econômico, social e ambientalmente sustentável, com uma nova industrialização, apoio aos serviços e à agricultura responsável, ao pequeno e médio empreendedor. Ao resgate dos instrumentos do estado, empresas e bancos públicos que impulsionam o país.
O Brasil não pode mais ficar esperando por crescimento e empregos. Este sentido de urgência, que certamente estará presente em todas as ações do governo, orienta igualmente a ação política do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Foi o que confirmamos na primeira reunião do Diretório Nacional do PT, sob o novo governo que temos a responsabilidade de sustentar.
Está na hora de enfrentarmos esse discurso mercadocrata dos ricos deste país, que temos risco fiscal. Qual risco? De não pagar a dívida? Mentira. Nossa dívida é toda em reais, numa proporção razoável do PIB. Ainda temos as reservas internacionais, deixadas pelo PT. Eles mentem, e o Banco Central, uma autarquia do Estado brasileiro, corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil. Isso tem que mudar. Temos um mercado antiquado, atrasado que não percebeu ainda as mudanças internacionais. E nos temos de parar de ter medo de debater política econômica, seja ela monetária, fiscal ou cambial e tentar nos acomodar ao que eles querem ou pensam.
Não há acomodação possível diante de 33 milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome. Ou diante de tantas famílias destruídas pelo desemprego, de crianças que mendigam nas ruas, desafiando nossas consciências de forma mais pungente do que todas as estatísticas e indicadores sociais e econômicos.
Não há acomodação possível diante do sucateamento da saúde pública, da educação e da cultura; das políticas públicas de apoio ao pequeno agricultor; de defesa das mulheres contra a discriminação e a violência; diante da criminosa liberação de armas que o país assistiu.
Não há acomodação possível diante do continuado genocídio dos povos indígenas e da população predominantemente negra e jovem das periferias e comunidades mais pobres das cidades brasileiras e da população LGBTQI+.
Mais do que denunciar cotidianamente tantas injustiças, mais do que elaborar coletivamente propostas para superarmos a desigualdade e o atraso, é papel do PT conscientizar e ajudar a população a se organizar e se mobilizar na defesa de seus direitos.
E é, sim, papel irrecusável do PT, tanto a solidariedade e o apoio quanto o debate crítico e leal das políticas do novo governo, em todas as áreas, inclusive no terreno econômico; debate que setores atrasados e poderosos pretendem interditar, como se fossem senhores absolutos da razão e da técnica.
Não há técnica nem razão inquestionável nas decisões econômicas se elas não estiverem consoantes com as grandes decisões políticas, aquelas que emanam da vontade soberana da maioria da população. Se a prioridade do país é o crescimento e a geração de empregos e oportunidades, é neste sentido que deve caminhar a política econômica.
É para cumprir estes papéis que serve o PT: defender, conscientizar, organizar e mobilizar em torno dos direitos do povo e dos interesses do país; fazer valer esses interesses junto ao governo e também no Legislativo e em todas as instâncias em que estivermos presentes.
Do contrário, o Brasil não precisaria mais do PT.
O presidente Lula pode ter a certeza de que contará com nosso decidido, firme, inquestionável e leal apoio na missão de reconstruir e transformar o Brasil. Nós viemos juntos nessa longa caminhada e não vamos nos omitir, não vamos nos acovardar, não vamos nos dispersar.
A trajetória do PT deixou marcas indeléveis na história do Brasil. Somos o primeiro partido político construído de baixo para cima, contrariando a tradição elitista. O primeiro a combinar a ação institucional com a mobilização nas ruas; a força dos movimentos sociais com a elaboração de políticas públicas inovadoras e necessárias.
Somos o primeiro partido a adotar a paridade entre mulheres e homens em todas as instâncias de direção. O primeiro a eleger e reeleger um representante da classe trabalhadora e uma mulher à Presidência da República.
O PT mudou sim o Brasil, com novas práticas políticas, e transformou para melhor a vida de nossa gente com o Bolsa Família, Luz Pra Todos, Minha Casa Minha Vida, aumento real do salário-mínimo, 20 milhões de empregos, Pré-Sal, Prouni, Reuni, Novo Fies, Lei de Cotas, UPAs, Samu, Lei Maria da Penha; um país respeitado e admirado no mundo.
Foi esse imenso legado que nos credenciou a manter a confiança do povo, mesmo nos momentos mais difíceis e mesmo quando cometemos erros que tanto nos custaram. É a energia da nossa militância, da base até a direção nacional, mais experiente e madura, que estamos colocando à disposição do presidente Lula e do projeto de reconstrução e transformação do país.
Somos e pretendemos continuar sendo um partido vivo, como deve ser viva e concreta a democracia; aprendendo com a sabedoria popular a enfrentar desafios permanentes e os novos também.
Somos o partido criado pelo povo brasileiro para mudar a história, o presente e o futuro do Brasil.
Viva o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!
Viva o povo brasileiro! •