Cantada em prosa e verso como a panacéia que “salvaria” a economia brasileira das ingerências políticas, a independência do Banco Central já demonstra a que veio. Ao manter a taxa de juros em escorchantes 13,75% uma das maiores do mundo, a diretoria do BC contribui fortemente para a contração da economia e rebaixa a expectativa de crescimento para 2023. 

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) vai na contramão do que foi decidido por mais de 60 milhões de brasileiros nas eleições de 2022. 

Indicado pelo ex-ministro da economia Paulo Guedes, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem se demonstrado, ao longo de sua gestão, um obediente aluno do receituário ultraliberal. Não se viu em sua administração nenhuma ata ou comunicado referente ao rombo das contas públicas e ao uso desbragado da máquina pública pelo então presidente Jair Bolsonaro. 

O flagrante conseguido pela Folha de S.Paulo, da participação de  Campos Neto em um grupo de WhatsApp de ex-ministros bolsonaristas, após 8 de janeiro, corrobora com as suspeitas que pairam sobre o parlamento e a sociedade civil de uma certa má vontade dos “independentes do BC”, com o atual governo. 

Não custa lembrar que a política econômica do governo derrotado legou ao país 33 milhões de compatriotas ao flagelo da fome e 100 milhões de pessoas com algum grau de insegurança alimentar. 

Quem ganha com essa espiral de alta dos juros? A banca, os rentistas e o capital especulativo. 

Quem perde? A indústria, o comércio e os serviços. Mas, principalmente, o conjunto da população, já que os juros estratosféricos aumentam a dívida pública e majoram o desembolso do governo. 

A seletividade observada nos grandes veículos da mídia nacional em defesa da “independência do Banco Central” e da política de juros vai na contramão do que diziam os mesmos veículos nos governos de Lula e de Dilma. Naquela ocasião, o “consórcio midiático” e os setores empresariais elevavam o tom todas as vezes que se mexia nos juros. E, agora, calam-se. 

A escolha dos eleitores em 2022 combinava a responsabilidade fiscal com a solidariedade social. Na visão dos que votaram em Lula, essas premissas devem andar juntas. Se a maioria quisesse o contrário, teria reeleito o genocida! •

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