É grande a desfaçatez de alguns veículos da mídia hegemônica, corresponsáveis pela quebra em série da legalidade democrática pós-reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Fingem não ver que a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 nada mais foi do que o corolário golpista iniciado nas “jornadas de junho” de 2013, aprofundado pela farsa da Operação Lava Jato.

O conluio midiático-empresarial teve sua partida quando Aécio Neves não reconheceu a derrota legítima nas eleições de 2014. E contou com a direção de Eduardo Cunha sob os auspícios de Michel Temer e seu grupo político.

A farsa montada, com ares de legalidade democrática se deu ao arrepio da correta interpretação da lei. Tanto é verdade, que o Tribunal de Contas da União apontou a inexistência das chamadas “pedaladas fiscais”, desmontando o enredo fraudulento que deu causa a deposição da presidenta eleita.

O chilique de articulistas apoiadores do referido golpe, logo após o Lula ter se referido ao período Temer como golpe, não passa de “cortina de fumaça”. Alguns buscam esconder suas digitais da empreitada golpista, que ao fim e ao cabo, foi a parteira que trouxe à luz a tragédia chamada Jair Bolsonaro.

O apoio de grande parte do empresariado a essa empreitada, simbolizada no pato amarelo da FIESP, produziu um choque ultraliberal na economia brasileira. Naquele momento, desmontaram conquistas histórica das classes trabalhadoras, legando ao governo eleito em 2022 a tragédia dos 33 milhões de brasileiros passando fome.

A pornográfica situação dos povos indígenas, cujas chocantes imagens correram o mundo em janeiro, mostrando a situação de grave crise humanitária que o país vive, a primeira na história do pós-guerra. Isso tudo é parte da herança golpista.

Em 2016, ao discursar no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff fez um discurso profético ao denunciar o que viria com a queda do seu governo: “O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social”, disse em 31 de agosto, após a aprovação do impeachment pelo Senado.

E declarou: “Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo Golpe de Estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano”. Ela acertou em cheio. •

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