Calado nos últimos 40 dias, presidente põe fim ao silêncio a que se impôs e insufla os radicais: “Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês”

IRRESPONSÁVEL Cercado por apoiadores no Alvorada, o presidente derrotado tenta manter viva a chama dos radicais que clamam por golpe

O presidente Jair Bolsonaro rompeu o silêncio a que se impôs desde a derrota no segundo turno, em 30 de outubro, para tentar manter acessa a chama do golpismo entre seus apoiadores. Na sexta-feira, 9, pela primeira vez desde falou a apoiadores que clamam por um golpe militar para impedir que o presidente eleito de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, tome posse em janeiro.

Bolsonaro disse que ficou em silêncio por quase 40 dias, acrescentando: “Isso dói minha alma”. E aí jogou para a plateia um tipo de clamor golpista. “Quem decide para onde eu vou são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês”, disse Bolsonaro a seus seguidores no portão do Palácio da Alvorada.

Em seus comentários ambíguos, Bolsonaro não endossou o pedido de intervenção militar, mas disse que as Forças Armadas respeitariam a Constituição do Brasil. Desde outubro, o presidente não reconheceu a vitória de Lula nas eleições presidenciais. Foi o seu silêncio que incentivou apoiadores a montarem acampamento em frente aos quartéis do Exército, há 40 dias. Outras manifestações golpistas vêm perdendo força.

A vitória apertada de Lula sobre Bolsonaro será certificada pelo Tribunal Superior Sleitoral nesta segunda-feira, 12, quando o novo presidente é diplomado, junto com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Durante toda a campanha, Bolsonaro disse a apoiadores que as Forças Armadas eram o baluarte do Brasil para impedir o comunismo no país, acrescentando que “nada está perdido”. Ele ainda mantém a retórica caduca da guerra fria e disse que sua causa um dia vai prevalecer. “As Forças Armadas estão unidas. Devem lealdade ao nosso povo e respeito à Constituição, e são responsáveis pela nossa liberdade”, disse. “Ao contrário de outras pessoas, vamos vencer”. •

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