Somente entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021 foram registrados 69 casos de violência praticada por bolsonaristas contra cidadãos, líderes de movimentos sociais e militantes

 

 

Diante da escalada da violência política no país, estimulada por Jair Bolsonaro, as instituições que prezam a democracia e a vida têm que reagir para conter as hordas de fanáticos seguidores do presidente. No dia 13, os partidos de oposição — PT, PCdoB, PSOL, PSB, PV, Rede e Solidariedade — instaram o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, a promover uma campanha sobre eleições sem violência.

Foram apresentados ao ministro um relatório sobre a violência instigada por Bolsonaro e a sugestão de medidas para contê-la, além de uma representação contra o ex-capitão por discursos de ódio durante a campanha eleitoral. A ação pede à Corte Eleitoral que obrigue Bolsonaro a parar com declarações de incitação à violência sob pena de multa diária de R$ 1 milhão. A representação pede também que o presidente seja obrigado a condenar o assassinato de Marcelo Arruda.

A decisão de apresentar as petições ao TSE, assim como foi feito junto à Procuradoria Geral da República, foi motivada pelo assassinato do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, morto covardemente por um fanático bolsonarista durante sua festa de aniversário.

Os documentos da oposição relatam e evidenciam uma série de crimes, delitos e atos violentos cometidos contra atores que se opõem ao governo militar de Bolsonaro e têm a única intenção de evitar que novas tragédias ocorram. 

Ainda em 2018, antes mesmo da eleição de Bolsonaro, mortes, agressões e ameaças feitas por bolsonaristas e milicianos contra petistas e militantes de esquerda já eram registradas. Naquele ano, foram assassinados Marielle Franco e Anderson Gomes e o mestre de capoeira Moa do Katendê, morto a facadas por dizer que apoiava Fernando Haddad, do PT. Desde então os atos de violência se multiplicaram.

Somente entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021 foram registrados 69 casos de violência praticada por bolsonaristas contra cidadãos, líderes de movimentos sociais e políticos, segundo um memorial elaborado pelo PT e entidades. Mais recentemente, os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillpps chocaram o Brasil e o restante do mundo. O juiz federal que deu a ordem de prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro no caso que apura corrupção e propinas no MEC também foi atacado por bolsonarista.

A oposição solicitou ainda que a Justiça Eleitoral suspenda o porte de armas no dia da eleição, como parte de um conjunto de medidas eficazes para conter e combater violência política. Paz e liberdade não combinam com armas, ao contrário do que diz o capitão presidente. Eleições e armas também não combinam.

O dia da eleição é de celebração da democracia, uma data em que os eleitores e eleitoras não podem ser ameaçados e coagidos. O voto é livre, o povo brasileiro tem o direito de expressar sua opinião sem o espectro do armamentismo bárbaro alimentado pelo atual presidente da República.

É preciso adotar medidas administrativas cabíveis para a garantia de paz e segurança nas urnas e ao longo do processo eleitoral, bem como resguardar a integridade de eleitoras, eleitores, colaboradores da Justiça Eleitoral, autoridades públicas, candidatas e candidatos. Em pleno século 21, devemos dizer não a candidatos defensores da violência e de projetos ditatoriais. •