A semana na história – 17 a 23 de Junho
21 de junho de 1830 – Luís Gama nasce em Salvador
Em 21 de junho de 1830, nascia em Salvador (BA), Luís Gama. Começava a história do filho de uma africana livre com um branco pertencente à elite local. A mãe Luísa Mahin estivera envolvida em rebeliões escravas e precisou deixar o menino aos cuidados do pai quando fugiu da repressão.
O homem então vendeu o filho de 10 anos para um traficante de escravos. Após 7 anos na escravidão, Luís Gama se libertou e pôde escrever sua própria história.
Serviu ao Exército, trabalhou na Secretaria de Polícia de São Paulo, escreveu na imprensa, publicou um livro de poesias, participou dos movimentos abolicionista e republicano e atuou como advogado autodidata, defendendo pessoas pobres e negras, especialmente escravizadas.
Luís Gama morreu em 1882, sem ver a abolição da escravatura ou a Proclamação da República, ideais aos quais dedicou a vida.
23 de junho de 1937 – Academia de Mestre Bimba é reconhecida
Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, conseguiu registrar sua academia de capoeira na Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública da Bahia em 23 de junho de 1937. Enquadrada na modalidade esportiva e marcial, passou a se chamar Centro de Cultura Física e Capoeira Regional, com sede no tradicional bairro do Pelourinho, em Salvador (BA).
A academia existia desde 1932, mas até então sem reconhecimento do poder público. Perseguida desde a escravidão, proibida em todo o território nacional pelo primeiro código penal da República, de 1890, a capoeira resistira à repressão e continuava a ser praticada. O alvará de funcionamento foi um marco importante para que as autoridades começassem a aceitar a luta que mescla dança e combate, apesar de a polícia ainda perseguir seus praticantes por um bom tempo.
A capoeira regional de Mestre Bimba procurava se opor à imagem do capoeirista valente e desordeiro, que portava sempre uma navalha, pronto para sair na briga. Assim, o mestre tentava popularizar sua prática, inclusive entre as classes médias e os estudantes universitários. Para isso, inspirado em lutas como o jiu-jitsu, o judô, a luta greco-romana e até o maculelê, Mestre Bimba inventou novos golpes e um novo jeito de jogar a capoeira.
Uma nova narrativa sobre o Brasil estava sendo construída e consolidada. Nela, o africano e seus descendentes eram valorizados, e a miscigenação, vista como um grande trunfo brasileiro. Foi assim que a capoeira, bem como a feijoada e o samba, viraram símbolos da brasilidade.
21 de junho de 1968 – 28 mortos na ‘Sexta-Feira Sangrenta’
O estudante Jean Marc von der Weid e outros são presos ao final de uma passeata estudantil, em 18 de junho de 1968. No dia seguinte, um novo ato seria reprimido com violência pela polícia. Já no dia 20, centenas de estudantes se reuniram na Universidade Federal do Rio de Janeiro e obrigaram o reitor e o Conselho Universitário a debater com eles a situação do ensino superior. Ao saírem de lá, foram violentamente reprimidos com golpes de cassetete e tiros. Mais de 300 foram presos e levados ao campo do Botafogo, onde sofreram espancamentos.
Na manhã de 21 de junho, uma sexta-feira, outra passeata em protesto contra a repressão paralisou o centro do Rio de Janeiro e se transformou no maior enfrentamento entre policiais, estudantes e população no centro da cidade, resultando em 28 mortes.
Os estudantes reagiram às investidas da polícia, enfrentaram a cavalaria com rolhas e bolas de gude, fazendo os cavalos tombar. A população apoiou os jovens e também atacou a polícia com pedras. Do alto dos prédios, objetos foram atirados sobre os soldados. A polícia reagiu com tiros. Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas de helicópteros. Durante o fim da manhã e toda a tarde, o conflito se espalhou por uma extensa área do centro. A batalha durou até o início da noite.
Na divulgação do número de mortos no episódio que passou para a história como “Sexta-Feira Sangrenta”, uma controvérsia. O verbete do Centro de Documentação de História Contemporânea, da Fundação Getúlio Vargas, fala em “28 mortos, segundo informações dos hospitais — ou três, segundo a versão oficial”.
24 de junho de 1966 – Marinheiros no banco dos réus
No maior julgamento realizado no país até então, 283 marinheiros e fuzileiros navais acusados de rebelião em março de 1964 são condenados a penas que somam mais de 1.280 anos de prisão. A Revolta dos Marinheiros, que exigiam liberdade de organização e dignidade no serviço, havia sido o estopim da crise militar que levou ao golpe. A anistia concedida aos rebeldes pelo governo Jango fora considerada uma afronta à hierarquia militar.
No julgamento de 1966, a pena maior, de 10 anos e 8 meses, coube a um dos líderes da revolta, José Anselmo dos Santos. O Cabo Anselmo, como ficaria conhecido, alguns anos mais tarde se revelaria um agente da repressão infiltrado na organização Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Outras datas históricas:
21/06/1905: Nasce o filósofo francês Jean Paul-Sartre, integrante do Partido Comunista Francês.
22/06/1941: Nasce em Porto Alegre (RS), Marco Aurélio Garcia, que se tornaria militante estudantil, historiador, e fundador do PT.
17/06/1979: Leonel Brizola funda o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
19/06/1982: 1º Encontro Nacional do PT sobre Movimento de Mulheres.
20/06/1997: 6º Encontro Nacional de Mulheres do PT, em Belo Horizonte (MG).
22/06/2002: Lula lança o o documento “Carta ao povo brasileiro”.
22/06/2012: Fernando Lugo é destituído do cargo de presidente do Paraguai após um processo de golpe jurídico-parlamentar.