Ex-presidenta foi acusada de tramar o golpe contra Evo Morales, em 2019. A pena imposta a ela e a outros golpistas é de 10 anos de detenção

 

O Tribunal de Primeira Intância de La Paz condenou a ex-presidente Jeanine Áñez a 10 anos de prisão pelo Golpe de Estado contra Evo Moralez, ocorrido em 2019. Ela foi julgada pelos crimes de violação de deveres e resoluções contrárias à Constituição e leis.

Áñez foi julgada por seus atos como senadora, antes de assumir a Presidência da Bolívia, em 12 de novembro de 2019. Ela sucedeu Morales, dois dias depois da renúncia do mandatário, em meio a uma forte convulsão social. Os opositores denunciaram que Morales havia cometido fraude nas eleições de outubro daquele ano para ter acesso a um quarto mandato até 2025.

Quando foi alçada a presidenta, Áñez reprimiu a forte oposição de movimentos sociais e camponeses ligados a Morales. Uma investigação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos apontou 35 mortes em manifestações contra o governo. O presidente Jair Bolsonaro apoiou o golpe contra Morales e deu apoio político ao governo golpista.

O tribunal, presidido pelo juiz Germán Ramos, destacou na sentença “a plena convicção” sobre a “participação e responsabilidade criminal” de Áñez e dos demais réus, que também terão que pagar uma quantia ainda não especificada por supostos danos ao Estado.

Añez destacou que o tribunal “excluiu” provas que descartavam p golpe contra Morales em 2019, que estava no poder há 14 anos. “Eu nunca busquei o poder”, disse ela, que se define como “presa política”. “Fiz o que tinha que fazer, assumi a presidência por compromisso. Faria de novo se tivesse a oportunidade”, declarou aos juízes do tribunal. Ela está na prisão de La Paz desde março de 2021.

Também foram condenados a 10 anos de prisão o ex-comandante das Forças Armadas William Kalimán e o ex-chefe de polícia Yuri Calderón, ambos foragidos. A ex-presidente anunciou anteriormente que recorreria em caso de condenação: “Vamos à justiça internacional”. •

 

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