A POBREZA CRESCE COM BOLSONARO
O governo conseguiu aumentar a miséria no país. No ano passado, em plena pandemia, 106 milhões de brasileiros sobreviviam com R$ 13,83 por dia. Tudo graças à política econômica antipopular do ministro da Economia, Paulo Guedes
A pobreza avançou no Brasil desde que Dilma Rousseff foi derrubada da Presidência da República pelo impeachment aprovado pelo Congresso Nacional, mesmo sem que ela tenha cometido crime de responsabilidade. Desde 2016, a desigualdade avançou e a renda dos brasileiros caiu. Na última sexta-feira, 10, o Brasil descobriu que o segundo ano da pandemia da covid foi particularmente cruel, ampliado a pobreza em níveis recordes.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, por conta do enxugamento do Auxílio Emergencial e uma recuperação do mercado de trabalho marcada pela geração de empregos precários, a metade mais pobre da população sobreviveu com apenas R$ 415 mensais por pessoa em 2021. É o pior resultado histórico. Houve uma queda da renda de 15,1% em relação aos R$ 489 recebidos em 2020. De acordo com o IBGE, em dois anos de pandemia e graças à política econômica de Paulo Guedes, as famílias brasileiras perderam R$ 30,560 bilhões.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2021. Com o rendimento médio de R$ 415 por mês para 106,35 milhões, isso significa que metade da população do país sobreviveu com R$ 13,83 por dia por pessoa. O empobrecimento é histórico mesmo quando se compara com quase dez anos atrás: em 2012, durante o governo Dilma, a metade mais pobre da população ganhava R$ 448 por mês por pessoa. O valor de 2021 é 7,4% menor do que o registrado naquele período.
Vale lembrar que a maior queda da renda mensal real no país, considerando todas as fontes de rendimento, havia sido de 3,4%, registrada na passagem de 2019 para 2020, também no governo Bolsonaro, puxada pelo alto nível de desemprego provocado pela pandemia da Covid e o ultraliberalismo praticado pelo Posto Ipiranga, que aprovou antes uma nova reforma trabalhista, ampliando a precariedade no mercado de trabalho. Agora, o novo recorde, no entanto, ocorreu mesmo diante do aumento do número de pessoas ocupadas.
Com a diminuição do Auxílio Emergencial, tanto no valor quanto no número de pessoas beneficiadas, seguindo os critérios impostos pelo ministro Paulo Guedes, as perdas foram mais dramáticas nas regiões Norte e Nordeste, onde a transferência de renda desempenha um papel fundamental para a subsistência de grande parte da população na pandemia.
Os 50% mais pobres do Nordeste sobreviviam com R$ 251 mensais, ou R$ 8,37 diários por pessoa da família no ano passado. Isso representa uma queda de 23% ante 2020. No Norte, a renda média da metade mais vulnerável foi de R$ 281 mensais em 2021, R$ 9,37 diários, 19,9% a menos que no ano anterior.
O quadro é ainda mais drástico entre os mais pobres de todos. Em 2021, o Brasil tinha 10,635 milhões de pessoas sobrevivendo com apenas R$ 39 mensais por pessoa, ou seja, os 5% mais miseráveis da população tinham, em média, somente R$ 1,30 por pessoa por dia, considerando todas as fontes de renda disponíveis. A renda desses brasileiros despencou 33,9% em relação a 2020. Na comparação com 2012, o tombo no poder aquisitivo foi de 48%. •