“Quem se importou em ver pobre na universidade, andando de avião e no shopping, pode se preparar, vai ter muito mais. Esse país é de todos, não de uma meia dúzia”, anunciou o ex-presidente, durante turnê com Dilma e Alckmin pelo Rio Grande do Sul

 

 

O desafio da defesa e da reconstrução da soberania brasileira estiveram no centro do ato promovido pelo PT e partidos aliados — PSB, PCdoB, PSOL, PV, Rede, Solidariedade — e movimentos sociais na quarta-feira, 1º, em Porto Alegre. “Soberania é o povo ter direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar”, discursou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Se o povo não tiver emprego e um salário que dê para sustentar sua família, onde é que está a soberania?”

O ex-presidente desembarcou na capital gaúcha acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin, da ex-presidenta Dilma Rousseff, além da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do PT. Ele se reuniu com líderes do PT e das legendas aliadas.

“Estamos vendo que soberania não é só cuidar das fronteiras secas e marítimas, do espaço aéreo, das riquezas minerais que estão no solo e subsolo, nas águas e no nosso mar”, declarou .

Ele usou o exemplo do pré-sal, descoberto em seu governo, utilizado como um instrumento de construção da soberania. “Quando descobrimos o pré-sal, tivemos a ideia de que seria o passaporte para o futuro deste país”, destacou. “Tomamos a decisão: o petróleo finalmente seria do povo brasileiro. As empresas que quisessem explorar não seriam donas do petróleo, iriam pagar aquilo que o povo brasileiro entendesse que merecia”.

Ele lembrou, no entanto, que as multinacionais não aceitaram a política de soberania proposta pelo PT. “Venderam a BR, quebraram a BR. Hoje tem 392 empresas importando gasolina dos EUA e vendendo para nós a preço internacional”, lamentou.

Lula desmentiu o argumento de que a guerra na Ucrânia está por trás dos preços dos combustíveis, hoje descontrolados pela política de dolarização adotada pela Petrobrás. “Quando eu era presidente, na crise de 2008, o barril chegou a US$ 147 e vocês compravam gasolina a R$ 2,60. Viramos autossuficientes em Petróleo e agora não podemos sequer comprar um botijão de gás”, queixou-se.

“Tudo isso repercute na comida que a gente come. Cinquenta por cento da inflação são dos preços controlados pelo governo: energia elétrica, gás, gasolina. E por que isso? É por causa da guerra na Ucrânia?”, indagou. “Vou dizer pra vocês: é por falta de vergonha e compromisso de quem governa esse país e dirige a Petrobrás. Não adianta jogar a culpa em cima dos outros. Já tivemos guerra do Iraque, da Síria, e aqui a gente não aumentava o combustível”.

Ao comentar os legados das administrações petistas, Lula demonstrou profunda indignação com a volta da fome no país. “Não tinha mais criança na rua pedindo esmola, não tinha mais gente passando fome, o salário mínimo tinha aumentado 77%, foram criados 22 milhões de empregos”, afirmou.

“E os pobres da periferia sabiam que o filho de um pedreiro poderia virar engenheiro, a filha de uma empregada doméstica poderia virar médica”, disse. Ele lembrou da inauguração da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), com 10 campus espalhados pelo Rio Grande do Sul.

“Quem se incomodou pelo fato de a gente ter feito uma lei, dando jornada de trabalho para doméstica, 13º, fundo de garantia, descanso semanal remunerado, quem se importou de ver pobre na universidade, andando de avião, andando no shopping, pode se preparar, porque vai ter muito mais. Esse país é de todos, não de uma meia dúzia”, avisou. •

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