Este é segundo artigo de uma série organizada para desconstruir, com fatos e números, a narrativa mentirosa segundo a qual a política econômica do PT teria “quebrado o Brasil”.  Argumenta-se que esse enredo é parte de um movimento mais amplos orquestrado por representantes do poder econômico e seus economistas.

Também participam desse esforço setores conservadores da mídia e do parlamento, dedicados a criminalizar politicamente o PT, e dar uma aparência justificável ao golpe jurídico, midiático e parlamentar que interrompeu, sem crime de responsabilidade, o mandato da presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff. Além, claro, para condenar de forma arbitrária e ilegal o ex-presidente Lula, visando impedir sua participação nas eleições presidenciais de 2018.

A realidade, largamente demostrada por indicadores sociais e econômicos, é outra. Aqui, neste artigo, vamos analisar o comportamento da dívida externa bruta, que não considera os ativos acumulados pelas reservas em moeda estrangeira, no período entre 1995e 2020.

Note-se que, quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003, o Brasil era devedor do FMI, as reservas cambiais eram reduzidas, a dívida externa bruta chegava a 42% do PIB e o país tinha dificuldades de honrar os seus compromissos em moeda estrangeira. É fato que, entre 1995/2002, a dívida externa brasileira dobrou, passando de 20,7% do PIB para 41,8% do PIB.

Também nesse item o PT salvou o Brasil. Note-se que durante os governos petistas a dívida externa caiu de forma contínua, sendo que em 2011 era de apenas 12,07% do PIB, um patamar três vezes inferior ao observado em 2002. Mesmo em um momento de crise econômica e queda do PIB, como em 2015, a dívida externa bruta era de apenas 18,6% do PIB, um montante inferior ao verificado em 1995.

Atualmente, o Brasil atravessa a maior crise socioeconômica da sua história. Com o golpe parlamentar, a agenda neoliberal retomada pelos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro tem provocado, uma vez mais, a progressiva destruição dos instrumentos de atuação do Estado, que se refletem no declínio dos indicadores sociais e na deterioração dos fundamentos macroeconômicos.

Isso também se percebe no comportamento da dívida externa bruta que, em 2020, atingiu 21,3% do PIB, quase o dobro do patamar verificado em 2011.

Dessa forma, também no caso da dívida externa bruta, os fatos demonstram a narrativa falaciosa utilizada pelos protagonistas da farsa do impeachment. Com base nos dados apresentados, cabe a pergunta: o Brasil estava quebrado em 2013/2015 ou em 2002?

Nos próximos artigos demonstraremos, com mais fatos e números, como o Brasil quebrou — pela segunda vez em menos de 4 anos — em 2002. Também mostraremos que o governo do Partido dos Trabalhadores salvou o país, pagando a dívida externa e acumulando reservas cambiais. E que o Brasil só não voltou a quebrar nos governos Temer e Bolsonaro por conta das reservas cambiais acumuladas pelos governos Lula e Dilma.

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