Mulheres: a resistência ao bolsonarismo
A rejeição ao bolsonarismo tem recorte etário, de gênero, renda e território. Como vem sendo apontado pelos Boletins do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo, estão entre as mulheres, jovens, os de mais baixa renda e os moradores do Nordeste os maiores índices de reprovação do governo. (Segue link para Boletim do NOPPE/FPA, do mês de julho de 2021: (https://fpabramo.org.br/2021/07/21/leia-o-boletim-no-11-do-noppe-fpa/).
No boletim, trabalhamos com pesquisa de diferentes institutos que possuem distintos métodos de coleta de dados. Por isso, vale ressaltar que a análise da evolução da opinião pública – em relação à avaliação do governo e intenção de voto – deve ser feita entre pesquisas do mesmo instituto.
No gráfico a seguir, fica explícito o papel das mulheres como garantidoras da alta rejeição ao governo Bolsonaro. As linhas em vermelho representam as mulheres nas pesquisas DataFolha e XP/IPESPE; as linhas azuis, os homens nas mesmas pesquisas.
Como se pode notar, em comparação com os homens, as mulheres mantêm níveis de reprovação constantemente mais altos. Nas mais recentes pesquisas publicadas, enquanto 45% (XP/IPESP) e 44% (DataFolha) dos homens reprovam o governo, entre as mulheres se encontram índices até 10 pontos percentuais mais altos: 56% das mulheres (segundo DataFolha) e 54% (segundo XP/IPESP).
A pesquisa Atlas de julho de 2021 ainda traz que 68% das mulheres avaliam o governo como ruim e péssimo, enquanto entre os homens, esse número é de 49% – uma diferença de 19 pontos percentuais.
Essa reprovação parece se converter em intenção de voto em Lula neste segmento.
A pesquisa Atlas aponta que, no segmento feminino, Lula teve um crescimento de 19 pontos percentuais de março a julho, indo de 26% a 45% na intenção de voto. Nesse segmento, o DataFolha também indica um crescimento significativo de Lula: 8 pontos (40% em maio para 48% em julho).
O Ipec (antigo Ibope) deu a maior porcentagem para Lula em junho, quando o pré-candidato petista alcançou 51% das intenções de voto entre as mulheres.
Desde maio de 2021 –quando Atlas apresentou 29% das intenções de voto em Bolsonaro, contra 26% em Lula –, o atual presidente não aparece na frente do pré-candidato petista em nenhuma pesquisa. Entre as mulheres, Lula abre uma vantagem de 28 pontos percentuais em relação a Bolsonaro, segundo DataFolha de julho (20% para Bolsonaro contra 48% para Lula).
Entre os homens, Lula aparece com vantagem nas pesquisas DataFolha (40% contra 19% em maio; e 43% contra 31% em julho) e nas pesquisas publicadas pelo IPEC – quando Lula apresentou 20 pontos percentuais de vantagem em relação a Bolsonaro (48% contra 28%).
A pesquisa Atlas é a única que aponta Bolsonaro com vantagem em relação a Lula (46% contra 36%, em julho), o que seguiria uma tendência anterior (37% contra 29% em maio).