Vida que segue?
“Cá entre nós, nem o Lula, nem o Brasil tem nada a perder com as hostilidades perpetradas por Maduro. A Venezuela nunca foi um país plenamente soberano e sempre serviu de maneira vergonhosa a algum senhor estrangeiro: antes os EUA, agora a Rússia. Vida que segue.”
Fábio Reis Vianna
O Fábio acaba reconhecendo que a posição hostil que ele defende sobre a Venezuela, posição hoje com muita força dentro do Itamaraty, não oferece nenhuma solução para o problema das relações entre os dois países. Restaria então lavar as mãos após o estrago estar feito.
Mas há muito tempo é óbvio que o governo Maduro tem posição garantida pela Rússia e também pela China. Isso não é nenhuma novidade. A política de hostilidade coloca o Brasil fora do espaço de diálogo, abre um racha entre dois governos do campo popular na América do Sul e dificulta a integração regional.
Ou seja, acaba sendo produzido o resultado que se anunciava querer evitar: a interferência externa na América Latina e a divisão entre nossos países. A quem interessa isso? A divisão não interessa nem a Lula, nem a Maduro, nem a nós, nem aos venezuelanos – interessa apenas a certos amigos ao norte do Rio Bravo.
Os únicos que oferecem uma solução neste contexto são os que defendem a solidariedade entre nossos governos, sabendo que, apesar das diferenças, no fundamental enfrentamos desafios parecidos e o mesmo tipo de ataques, com o mesmo tipo de objetivos. Por isso, precisamos dialogar e definir políticas bilaterais.
Em vez de incendiários que queimam pontes favorecendo, de forma consciente ou ingênua, interesses terceiros, precisamos tanto no Brasil, como na Venezuela, de construtores que se empenhem em consertar as relações entre os dois países.
Pedro Prola – Jurista. Vive em Portugal. Coordenador do Núcleo do PT Lisboa.