Trabalho da FPA mostra caminho para ampliar diálogo com evangélicos
Em série de vídeos, oito pessoas de diferentes áreas falam sobre relação do partido com religiosidade e como construir novas pontas com esta camada da população
O projeto FPA nas Eleições acaba de gerar mais um importante material para oferecer subsídios às mais de 32 mil candidaturas petistas que disputarão o pleito no mês de outubro. Além de já ter produzido uma cartilha didática com orientações para dialogar com eleitores, agora também é possível ouvir o que oito pessoas ligadas a essa vertente religiosa têm a dizer sobre os mais variados assuntos.
Em depoimento gravado em vídeo, os evangélicos petistas falam sobre como o partido pode estreitar a relação com uma camada da população que abrange mais de 42 milhões de brasileiros. A série foi encomendada à Fundação pelo Partido dos Trabalhadores para mostrar que o trabalho feito pela legenda sempre respeitou a diversidade religiosa no país.
“A religião faz parte da cultura do povo brasileiro. As igrejas nos bairros são locais de acolhimento, espaços que fortalecem o vínculo de comunidade no território, de percepção e circulação de ideias comuns. São lugares onde as pessoas encontram conforto em meio a conflitos familiares, mas também onde há o grupo de mulheres, ensino de música para as crianças”, explicou o presidente da FPA, Paulo Okamotto.
É por isso que, prosseguiu ele, “é importante para o Partido dos Trabalhadores buscar diálogo e também convidar essas pessoas para que encontrem no PT espaço para transformar a realidade que vivem”.
Cartilha
A Cartilha Evangélica: Diálogo nas Eleições, lançada em agosto, é dirigida a lideranças e militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e que surge às vésperas dos pleitos municipais de outubro.
Como no caso dos vídeos, a FPA decidiu elaborar a publicação a partir da compreensão de que um dos grandes desafios dos partidos progressistas tem sido ampliar o diálogo com a população evangélica, estimada em mais de 40 milhões de pessoas e que é fundamental para definir o rumo das eleições em todo o país.
Uma das sugestões apresentadas pela cartilha é que os evangélicos não devem ser vistos e tratados de forma generalizada, já que há diferenças entre eles. O objetivo dessa orientação é evitar o mau rótulo atribuído a esse segmento religioso por parte da esquerda.
Outro ponto interessante é estatístico: a maior liderança das famílias periféricas é uma mulher negra e evangélica, perfil que sempre apoiou governos progressistas, mas que tem se identificado também com representantes da extrema direita.
O que disseram os petistas evangélicos
“Todo mundo que me conhece, mesmo de outros partidos, diz que eu sou “PTcostal”. E nós, evangélicos petistas, nunca deixamos as nossas igrejas porque nós entendemos que o sal fora da massa não salga”
Benedita da Silva, deputada federal (PT/RJ)
“Eu não consigo, como cristão que sou, conceber um mundo sem justiça social, de combate à desigualdade, de criação de oportunidade. Nós não temos como praticar a fé cristã e não olhar para tudo isso”.
Jorge Messias, ministro da Advocacia Geral da União
“As palavras de Cristo dão para nós um modelo de políticas públicas. Agora pare e pense: quem defende essas ideias? Quem defende a roupa e a comida dos pobres? Toda vez que você reclamar de quem os defende, cuidado para você não estar xingando Jesus Cristo”
Pastor Oliver, da Igreja Batista da Lagoa (Maricá/RJ) e membro do Núcleo Evangélico do PT
“Cerca de 80% dos pentecostais são pobres, humildes, negros, da periferia. São pessoas onde o Estado não chega. Não tem saúde, não tem segurança. O evangélico precisa ser ouvido que eles têm o direito de defender o que acreditam”.
Sérgio Ribeiro, sociólogo e ex prefeito de Carapicuiba pelo PT
“Para a igreja, quando eu sou a irmã Adrianinha, quando estou pregando a palavra, eu sou a militante do PT. Eu não falo da política entro do templo, mas eles eles precisam entender que é a mesma Adrianinha militante é a mesma que prega”.
Adrianinha, assessora Parlamentar, membro da Executiva Nacional do inter-religioso PT
“A Bíblia é um livro que fala dos oprimidos. Isso faz com que eu me posicione sempre a favor deste campo. E isto tem tudo a ver com o Partido dos Trabalhadores. Essa luta contra vulnerabilidades sociais”
Nilza Valéria, jornalista
“É preciso dizer que a política está preocupada com a família e que a esquerda não quer acabar com ela. Resgatar a ideia de que o governo do Lula quando melhora o salário mínimo, a saúde, acabar com a fome, ele está preocupado com a família”
Sérgio Dusilek, Pastor Batista, professor, doutor e mestre em Ciência da Religião (UFJF/MG)
“É importante tratar todos os temas, mas priorizar o que de fato interfere na vida das pessoas nas comunidades (…) A nossa é muito prática, do dia a dia. É ele que faz a nossa fé se materializar”
Alexandre Brasil, Pastor Batista.Professor Doutor e Mestre em Ciência da Religião (UFJF/MG)
Daniela Frozi, doutora em Ciências da Nutrição pela UFRJ, presidente do Djanira Instituto Ensino e Pesquisa – UFRJ