Com desemprego, desalento, informalidade e desigualdade na renda do trabalho, o Brasil está vivendo uma “estagnação desigual”. É o que mostra texto de Rogério Jerônimo Barbosa no boletim de conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

O autor mostra que a desigualdade da renda do trabalho voltou a subir no país, interrompendo uma trajetória histórica. Assim, em 2019, os patamares de desigualdade são semelhantes aos observados onze ou doze anos antes, como mostra o gráfico abaixo, retirado da publicação.
O gráfico apresenta o índice de Gini da renda habitual de todos os trabalhos calculado para os indivíduos entre 18 e 65 anos, a População Economicamente Ativa (PEA) e a População Não Economicamente Ativa (PNEA), medindo a desigualdade da renda de mercado (market income), ou seja, pré-impostos e pré-transferências.

Desigualdade da renda de todos os trabalhos da população economicamente
ativa e inativa com idades entre 18 e 65 anos (2011 a 2019)

Segundo o autor, o mercado de trabalho pós-crise dá poucos sinais de recuperação, com uma reduzida geração de postos informais e com a renda ainda em queda dos trabalhadores mais pobres. Há, segundo o autor, quatro fases no comportamento da desigualdade desde 2012:
1) De 2012 a 2014 ocorreu uma continuidade da redução da desigualdade;
2) De 2014 a 2015 ocorreu um aumento da desigualdade, embora ainda lento, promovido basicamente em função do desemprego e do desalento.
3) Em 2016 ocorreu aceleração da concentração de renda, em decorrência da continuidade do avanço do desemprego e do desalento e do aumento da desigualdade entre trabalhadores.
4) Desde o primeiro trimestre de 2017 até início de 2019 ocorreu relativa estabilização do desemprego e do desalento, com o aumento da desigualdade ocorrendo por aumento da desigualdade entre trabalhadores. A pouca recuperação havida beneficia os trabalhadores melhor posicionados, formalizados e empregados em determinados setores, como educação, saúde, administração pública e serviços financeiros.

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