Emprego sem carteira e por conta própria batem recorde
A taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,8% no trimestre de junho a agosto de 2019. É o que mostra a Pnad Contínua, pesquisa realizada pelo IBGE. Segundo a instituição, a taxa de desocupação caiu 0,4 ponto percentual em relação a março-maio de 2019 e 0,3 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2018. No entanto, a população desocupada, formada por pessoas que ativamente buscam emprego, continua alta, chegando a 12,6 milhões de pessoas. A população ocupada atingiu 93,6 milhões e a população fora da força de trabalho atingiu 64,9 milhões de pessoas.
Para ter um quadro mais preciso do mercado de trabalho é necessário investigar outros dados fornecidos pela pesquisa. Em primeiro lugar, o IBGE aponta que a taxa composta de subutilização (que tem em seu numerador a quantidade de subocupados por insuficiência de horas + desocupados + força de trabalho potencial e em seu denominador a Força de Trabalho ampliada) da força de trabalho ficou em 24,3% e a população subutilizada (27,8 milhões de pessoas) ficou estatisticamente estável frente ao mesmo trimestre de 2018 (27,4 milhões de pessoas). Já a população desalentada, formada por um contingente de pessoas que desistiu de procurar emprego, chegou a 4,7 milhões e o percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada ficou em 4,2%. Estes dados mostram que muitas pessoas desistiram de procurar emprego e por isso deixam de contar nas estatísticas da desocupação.
Outro dado grave para os trabalhadores é o fato de que enquanto o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado, incluindo trabalhadores domésticos, chegou a 33 milhões, a categoria empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado (11,8 milhões de pessoas) foi recorde da série histórica e cresceu 5,9% (mais 661 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2018.
Finalmente, outro recorde que não deve ser comemorado é o de que a categoria dos trabalhadores por conta própria chegou a 24,3 milhões de pessoas, ponto máximo da série histórica, com alta de 4,7% (mais 1,1 milhão de pessoas) em relação ao mesmo período de 2018.
Estes dados reforçam as análises de especialistas que afirmam que para a maioria da população, em especial os pobres, a crise não terminou.