Boletim analisa protestos de maio e crise do governo
O Boletim de Análise da Conjuntura de maio é publicado em um mês marcado por duas grandes manifestações em defesa da Educação realizadas em todo o país, que evidenciam o aumento da insatisfação popular com o governo, e uma terceira, promovida por bolsonaristas, muito menor, que colocou ainda mais lenha na fogueira da crise institucional. O tensionamento institucional tem atrasado a tramitação e dificultado o apoio a propostas caras ao Bolsonaro e seus apoiadores, como é o caso da reforma previdenciária.
A editoria Internacional traz um informe analítico sobre as eleições espanhola, indiana, australiana e do Parlamento Europeu. Em Estado, são abordadas as diversas tensões institucionais entre os três poderes, que revelam um padrão problemático de relação do Executivo com o Legislativo e o Judiciário e explicitam um modelo de governança caracterizado pela instabilidade e pela polarização. Essa fragilidade se evidenciou recentemente, em função das alterações impostas pela Câmara dos Deputados à reforma administrativa do Estado e aos questionamentos sobre o decreto de porte de armas.
Política e Opinião Pública trata da crise do governo Bolsonaro, cujo ápice foi a veiculação de um texto em que se afirma que o Brasil é “ingovernável”, e da convocação de protestos em defesa do governo e contra o Congresso e a “classe política”.
Em Judiciário, o fato de que o ministro Sérgio Moro perdeu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pode perder a “lei anticrime” demonstra que o projeto do “superministério” da Lava Jato escorre pelos dedos do ex-juiz, e o recado do Congresso é explícito.
O decreto que libera posse e porte de armas para mais de dezenove categorias assinado pelo presidente Bolsonaro em maio é o tema de Segurança Pública. Quinze dias depois, ele recuou em alguns pontos e assinou outro decreto. A perspectiva, no entanto, não mudou: mais mortes e violência no país.
Um panorama dos últimos dados sobre a situação do mercado de trabalho, que ainda mostra perspectivas ruins para a classe trabalhadora e significativamente piores do que antes da crise econômica, é apresentado em Social. Mostra-se ainda, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2012 a 2017, que foram prejudicadas em especial as mulheres negras no Brasil.
Em Economia, passados os primeiros cinco meses de governo Bolsonaro, a situação brasileira está cada vez mais próxima de um novo mergulho recessivo. As expectativas do dito mercado derretem semana após semana e já se especula sobre o comprometimento do crescimento econômico de 2020.
O Consórcio Nordeste, lançado em reunião de governadores da região em março, é o tema da seção Federalismo. O projeto vem se consolidando como uma importante articulação, com vistas ao desenvolvimento sustentável, em contraponto fundamental às políticas neoliberais do governo federal.
A análise da variação do PIB municipal a partir de 2010 é o assunto de Territorial. O crescimento da economia se deu principalmente no interior do país, em cidades de pequeno e médio porte, menos urbanizadas e que anteriormente possuíam maior dependência dos grandes polos econômicos tradicionais. Em 2015, com o advento da crise, essas cidades também foram afetadas, mas sua economia reagiu de diferentes formas, fundamentada em setores econômicos específicos.
A Comunicação analisa a repercussão do 15M – movimento pela Educação que levou milhões às ruas no dia 15 de maio – Tanto nas redes sociais quanto na imprensa nacional e estrangeira. Na subseção mídia internacional, um retrato do que vem sendo noticiado sobre o Brasil e o governo Bolsonaro mundo afora.
Em Movimentos Sociais, são abordadas as recentes mobilizações convocadas pelos estudantes e abraçadas por amplos setores da sociedade que preparam o caminho para a pretendida Greve Geral de 14 de junho. Mas, desde já, a organização desses movimentos mostra a construção de uma unidade até então inédita.
A seção Periferias traz uma análise da Segurança Pública, tema muito presente nas eleições aos governos estaduais e presidencial de 2018. A forte demanda social se estabeleceu não somente por uma sensação de insegurança, mas das vivências cotidianas da população no contexto da violência urbana.