A austeridade fiscal praticada a céu aberto nos últimos cinco anos segue empurrando o país e as contas públicas ribanceira abaixo. Sob aplausos da grande mídia e de seus sócios no mercado financeiro, o país permanece refém desse mantra absurdo – questionado mundo afora, até mesmo por economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) – que não apenas está destruindo as bases de financiamento de políticas públicas fundamentais, como também está corroendo a ossatura econômica estatal que funcionava como locomotiva a estimular os investimentos produtivos do setor privado.

No último mês de abril, a insensata marcha ultraliberal entregou sua mais vexatória fatura. O governo central, que corta recursos de onde já se vive à míngua, vende e privatiza tudo que se move, que contingencia verbas de hospitais e de escolas e extingue programas de pesquisa estratégicos para o aumento de nossa produtividade no futuro, apurou o pior superávit primário para um mês de abril dos últimos 21 anos (6,5 bilhões de reais), isto é, desde o primeiro mandato do então encalacrado presidente FHC.

Como se não bastasse, deve-se assinalar que o resultado só não foi pior porque a desvalorização do real observada neste início de ano permitiu ao Banco Central auferir receitas extraordinárias com operações cambiais, transferindo cerca de 52 milhões de reais ao Tesouro Nacional, enquanto outros 280,5 milhões de reais foram aportados nas contas do governo a título de dividendos das lucrativas empresas estatais (tão amaldiçoadas por Guedes e seus Chicago boys).

Créditos: Banco Central

Entretanto, mesmo com esta ajuda de receitas extraordinárias oriundas do setor estatal, a arrecadação federal de abril registrou queda real de 1% (em relação ao mesmo mês do ano passado), enquanto as despesas cresceram apenas 0,5% em termos reais. Lamentavelmente, porém, esses números parecem irrelevantes aos olhos da equipe econômica de plantão. A despeito das provas irrefutáveis que pipocam a cada dia no tabuleiro da economia, demonstrando o caráter contraproducente da política de austeridade fiscal, o governo dos terraplanistas segue apostando no mesmo remédio, deixando pra lá de evidente sua submissão aos interesses rentistas que de foto detém o comando do estado brasileiro.

 

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