Edição da revista Reconexão Periferias aborda desafios das juventudes periféricas
Na semana em que o presidente Lula sancionou o “Dia Nacional do Funk”, um reconhecimento mais que merecido para uma cultura que nasceu nas periferias e conquistou o Brasil e o mundo, a revista Reconexão Periferias lança sua edição de julho/agosto.
Os desafios e conquistas da juventude negra periférica são temas desta edição da revista Reconexão Periferias, que marca o Dia do Estudante e o Dia Nacional da Juventude, ambos celebrados em agosto. A edição fala também sobre as questões do trabalho informal e acesso a direitos que afetam particularmente motoristas que trabalham por aplicativos.
A revista traz um registro da quarta Jornada de Territorialização 2024, realizada em 15 de junho, em Belém (PA), quando foi lançado o caderno Chacinas e Policiamento: os casos de Belém e Complexo do Salgueiro, que aprofunda dados da pesquisa “Chacinas e a politização das mortes no Brasil”, realizada desde 2018 pelo Projeto Reconexão Periferias. A Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas e o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec-RJ) são parceiros na segunda fase da pesquisa.
No texto Os dilemas da proteção ao trabalho no século XXI, o professor da Universidade Estadual de Campinas Léo Fontes afirma que “Cientistas sociais e economistas críticos têm apontado que essa ideia de autonomia e liberdade por trás do trabalho contemporâneo é uma ilusão vendida pela ideologia neoliberal que esconderia uma maior exploração do trabalho por parte das grandes corporações e a precarização das relações trabalhistas”.
Em um relato sobre a festa de Iemanjá, que se tornou patrimônio imaterial de Fortaleza, Pai Ricardo de Xangô e Mãe Bia de Pombagira afirmam que a ocasião é uma forma de resistência pela ancestralidade, que traz para o polo de turismo cearense uma comunicação pacífica sobre o que são as práticas da religião umbandista.
Na entrevista, o jovem Ruan Bernardo, estudante e pesquisador do projeto Reconexão Periferias, conta sobre sua história que representa bem as lutas, dificuldades e vitórias da juventude periférica brasileira. Nascido e criado em Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital paulista, é filho de migrantes que vieram de Alagoas e da Bahia em busca oportunidades e uma vida digna. Aos 23 anos, ele se prepara para concluir o curso de Gestão de Políticas Públicas pela Universidade de São Paulo.
A seção Perfil apresenta o Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), um quilombo urbano fundado durante o movimento de redemocratização do Brasil. Seus objetivos são ligados diretamente à luta contra o racismo, o preconceito, a discriminação e as desigualdades sociorraciais. As ações do coletivo estimulam o aumento da autoestima da população negra e a busca por cidadania plena. Além disso, levam em conta a necessidade de aprovação de políticas públicas específicas para a população negra por meio de ações afirmativas.
Na seção de Arte, a multiartista visual, artesã, empreendedora e educadora social licenciada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amazonas Skarlati Kemblin apresenta obras cujo foco é a reparação da memória, a partir da imagem, no que diz respeito ao corpo escuro na sociedade brasileira, em um contexto de liberdade, fé e auto estima. E também artista visual, ilustradora, quadrinista e artista gráfica Gyselle Kolwalsk mostra sua obra Paciente do Vazio.A revista traz ainda as seções Programas e Oportunidades.