O programa Pauta Brasil desta segunda-feira, 20 de junho, começou com a análise do triste momento do país. Nilto Tatto é deputado federal, vice-líder do PT na Câmara e coordenador do Naap Ambiental. Ele iniciou a edição lamentando a morte de Dom Philips e Bruno Pereira, assassinados na semana passada na região amazônica e questionou: “por que a Funai se transformou em Fundação anti-indígena”.

Gustavo Vieira, indigenista especializado da Funai desde 2012, fundador da Indigenistas Associados e representante do Sindsep-DF na Sede da Funai em Brasília, relembrou as consequências do golpe contra Dilma Rousseff para a situação que vivemos hoje. “O governo quer que a gente desista de ser indigenista. Mas morte do Bruno fez com que as pessoas percam o medo de se mobilizar e por isso vamos fazer paralisação, vamos seguir honrando a luta do Bruno”, disse.

“A bandeira eleitoral que Bolsonaro conseguiu cumprir é a de destruir a Funai, uma ‘foiçada’ no pescoço dos povos indígenas”, falou Gustavo, que por força do ofício tem números e dados muitos frescos sobre homologações, principalmente as que deixaram de ser feitas. “Quando Bolsonaro diz que não vai homologar nenhum centímetro quer dizer que ele não vai assinar as homologações e por isso não atende aos interesses dos indígenas, porque a proposta é de estrangular a luta”, explicou.

Gustavo elencou as reivindicações dos servidores da Funai e as variadas dificuldades de trabalhadores que estão em áreas remotas, “com um facão na mão para atuar em regiões difíceis, sem estrutura, sem plano de empregos e salários muito defasados. Precisamos incluir os direitos indígenas e de quem luta por eles”, falou

Erika Kokay está em seu terceiro mandato de deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal. É uma das vice-líderes do Partido na Câmara dos Deputados. Ela deu ênfase nas ações do legislativo na luta contra o desmonte, assim como os projetos que visam a grilagem e ocupação de terras protegidas. Para ela, “o Estado está sendo capturado. Temos grande parte dos cargos e coordenações da Funai com pessoas que não são servidores do órgão. Cabe ao Estado enfrentar os problemas sociais. O presidente da República falou que faria da Funai a partir dos seus interesses, pisoteando corpos e direitos”.

Kokay relatou a situação de várias áreas, como a Fundação Palmares com um presidente racista, a secretaria de mulheres com uma antifeminista e outros exemplos que comprovam a captura do Estado. Assim como os indicados para a Funai, em geral, antiindiginistas. “O país é um dos piores para lutadores ambientais, garimpo ilegal, monocultura e pecuária são impactos profundos e vemos a destruição ambiental e ataque aos territórios indígenas. Precisamos continuar resistindo, com radicalidade democrática e organização dos territórios, homenagem a Bruno e Dom”, falou.

Cortes no orçamento, perseguição aos servidores da Funai que atuam em favor dos indígenas, dificuldade de acesso aos direitos sociais, licenças, afastamentos e exonerações, as mortes de Dom e Bruno como consequência da política federal, que estimula o garimpo e o crime, estiveram no Pauta Brasil de hoje. Assista a íntegra aqui

Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizados nas segundas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.mara. Foi eleita por seis anos consecutivos uma das 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Pauta Brasil debate desmonte da Funai e assassinatos na Amazônia