Após a Noruega adotar o mesmo posicionamento alemão, de bloquear verbas então destinadas para projetos na Amazônia devido ao grande aumento do desmatamento na região e à extinção de Conselhos que fazem a gestão destes recursos, o Fundo Amazônia, na prática, chega ao seu fim.

Os dois países eram responsáveis por 99,5% dos mais de três bilhões de reais já investidos pelo Fundo para a proteção da região nos últimos dez anos. Soma-se a isso a postura do governo Bolsonaro, que apenas dá sinais de que o desmatamento é visto como instrumento desenvolvedor da região e do setor agrícola e mineralógico do país.

Após a declaração norueguesa, o Ministro Ricardo Salles oficialmente declarou a suspensão do Fundo. O principal efeito prático é o bloqueio de verbas de mais de cem projetos destinados à proteção do bioma que registra a maior biodiversidade em uma área do planeta.

Ao contrário do que diz o governo, que os recursos iriam para ONGs que lucram com a Amazônia, cerca de 60% do total são destinados a instituições governamentais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para atividades de fiscalização e controle do desmatamento, ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para o monitoramento ambiental via satélite, e a diversos governos estaduais e municipais da região em projetos de desenvolvimento sustentável.

Sobre o bloqueio dos repasses financeiros, Bolsonaro desdenhou, dizendo que os dois países “podem fazer bom uso dessa grana, o Brasil não precisa disso”. Ele fez ainda críticas ambientais a ambos países, como por exemplo, ao sugerir que a Alemanha utilize este recurso para se reflorestar. Ao que a imprensa alemã respondeu indicando que 30% do país já é coberto por florestas. Na Noruega esta proporção é de 38%. Os dois países são, inclusive, exemplos de sucesso na prática do reflorestamento.

Pelo Brasil, o ritmo do desmatamento em agosto deve ser igual ou superior aos anteriores. Neste mês, fazendeiros de Rondônia realizaram o “dia do fogo”, com mais de mil queimadas nos dias 10 e 11, fazendo proveito da ausência de fiscalização de focos de incêndio pelo Ibama, que cessou estas atividade após o Ministério da Justiça retirar o apoio da Força Nacional, que fazia a segurança dos agentes em campo.

`