Foi realizado em 8 e 9 de junho, em São Paulo, o curso “Repensando o Desenvolvimento”, fruto de uma parceria entre a Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Faculdade Dieese de Ciências do Trabalho. Na mesa de abertura, o presidente da FPA, Marcio Pochmann, o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, e o presidente do Centro Celso Furtado, Roberto Saturnino Braga, apontaram como objetivo fundamental do curso a necessidade de atualizar o entendimento sobre desenvolvimento, ainda mais se considerarmos os retrocessos dos últimos dois anos.

Durante as aulas, revisitaram os conceitos que orbitam o desenvolvimento brasileiro, como a dependência, além do próprio termo desenvolvimento ter sido problematizado. As relações entre Estado e mercado, a financeirização, o sistema internacional, o meio ambiente, o trabalho, entre outros temas, também foram abordados e, apesar de o tempo ser curto, construiu um panorama consistente sobre por que e como deve ser repensado o desenvolvimento.

O curso começou com a pergunta: “o que você entende por desenvolvimento?”. A partir dela, apresentaram-se as diferentes respostas que as correntes intelectuais brasileiras poderiam dar, como o embate mais atual entre o social-desenvolvimentismo, que defende a expansão das políticas sociais, e o novo-desenvolvimentismo, que argumenta a favor do câmbio desvalorizado.

Entretanto, permeando todas essas interpretações, há elementos centrais que não devem ser desconsiderados. O primeiro deles e, talvez, o mais importante, é a relação entre Estado e mercado. Algumas visões colocam o Estado como motor principal do desenvolvimento, enquanto outras dão ao mercado maior ênfase. Além dessa tensão entre Estado e mercado, deve-se levar em conta a configuração do atual sistema internacional, que está pautado pela financeirização, e como este pode impor constrangimentos ao desenvolvimento dos países.

Por último, mas não menos relevantes, nos foram apresentadas as questões do meio ambiente e do mercado de trabalho. Afinal, o desenvolvimento não pode ser definido apenas como crescimento econômico e pela busca da industrialização. Sem um projeto que enfrente os problemas ambientais, marcados hoje pelas mudanças climáticas, bem como uma seguridade para os trabalhadores mais vulneráveis como, por exemplo, uma previdência eficiente, não há como, de fato, alcançar um país desenvolvido e com inclusão social.

Alem dos professores já mencionados, ministraram aulas Vera Alves Cepêda (Ufscar), Barbara Vallejos, Clóvis Scherer (Dieese), Ricardo Carneiro (Unicamp) e Arilson Favareto (Ufabc). Do curso, deve resultar ainda uma publicação sobre os conteúdos desenvolvidos e uma proposta de continuidade de pesquisa e cursos de formação.

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