Golpistas tornam país mais desigual e menos democrático
O Boletim de Análise da Conjuntura da Fundação Perseu Abramo de julho traz um amplo panorama de temas de relevância para a disputa de rumos do país, colocando em evidência que os golpistas implementam uma mudança estrutural, para fazê-lo mais dependente do capitalismo central, mais desigual em termos sociais e menos democrático.
A seção Golpe contra o Estado expõe um mapa do desmonte que as forças golpistas, por meio de ações do governo federal e do Congresso, estão fazendo do Estado brasileiro. Tentam não somente reverter avanços conquistados no ciclo de governos petistas, mas também radicalizar a agenda privatista e entreguista do período dos governos neoliberais dos anos 1990.
Na parte Internacional, um dos focos é a crescente irrelevância das discussões do G-20, instância multilateral recentemenete reunida na Alemanha. Não há coordenação entre os governos das principais economias do mundo para resolver os impasses do capitalismo. Traz também as recentes resoluções adotadas no encontro do Foro de São Paulo, ocorrido na Nicarágua.
A seção de Política e Opinião Pública deste mês trata da pesquisa Datafolha, que mapeou os valores políticos e sociais da população brasileira, demonstrando que o imaginário é heterogêneo e os entrevistados transitam entre conservadores e progressistas, tanto no campo econômico quanto no comportamental. Analisa também a pauta do governo golpista no Congresso Nacional, com destaque para as medidas provisórias editadas, os projetos aprovados, e pautas que podem im
pactar na reforma política, como mudanças no sistema eleitoral e no sistema de governo.
Nos dois capítulos seguintes, Social e Economia, o Boletim mostra que há mudanças na estrutura social que precarizam o mercado de trabalho, com aumento da taxa de subutilização da força de trabalho, aumento da informalidade e, apesar da possível estabilização do desemprego, este se encontra em um patamar muito alto. Esses aspectos ainda correm risco de agravamento com a recente aprovação da reforma trabalhista. Além disso, os sinais de melhorias econômicas setoriais não permitem otimismo em relação ao curso geral da economia nacional. Ao contrário, as políticas monetárias e fiscais do governo continuam causando estragos junto com os efeitos deletérios da condução da Operação Lava Jato.
Na seção Territorial se mostram os retrocessos que estão acontecendo na questão agrária como parte da agenda com a qual o governo golpista busca o apoio das forças mais retrógradas do campo. Se a Constituição de 1988 havia incorporado a população rural à Previdência Social e os governos do PT impulsionaram uma agenda orientada à agricultura familiar, as ações do atual governo e mudanças legislativas estão provocando imensos retrocessos.
Em relação à Comunicação, foi analisado o comportamento dos usuários do Twitter durante a votação da reforma trabalhista no Senado, que acabou concorrendo, nas redes sociais, com outros temas da pauta política. A seção também traz um panorama do posicionamento dos jornais internacionais e da grande imprensa brasileira em relação à condenação do ex-presidente Lula.
Na seção final de Movimentos Sociais se analisam os principais embates do período recente, contrastando o ocorrido nas batalhas em torno das reformas trabalhista e da Previdência. O estado de golpe vivido no Brasil cria um vazio democrático que só pode ser preenchido pela pressão das mobilizações populares. A história cobrará os assaltantes do poder, e o povo brasileiro parece entender isso cada vez mais.