Piauí avança na inclusão social, mas há desafios na integração econômica
Organizada pela Fundação Perseu Abramo (FPA), com apoio do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores no Piauí, foi realizada nesta sexta-feira, 23, em Teresina, a Oficina Estados Brasileiros-Piauí, que debateu o estudo inédito Piauí 2000-2013: Avanços na inclusão social e desafios da integração econômica*, apresentado pelo professor Antônio José Medeiros, coordenador do diagnóstico elaborado a pedido da FPA.
O evento ocorreu na sede do Sindicato dos Bancários, reunindo mais de 60 pessoas, entre lideranças do PT, do PP e do PTB, além de militantes, representantes da academia, do legislativo e de entidades da sociedade. A abertura, na parte da manhã, foi feita pela presidenta do PT Estadual, Regina Souza, que elogiou a iniciativa da FPA e ressaltou a importância do encontro e do debate para o partido. Regina coordena o plano de governo do partido para as eleições de 2014.
Novos sonhos
Presente ao evento, o senador Wellington Dias, ex-governador do estado, fez coro à importância do momento de reflexão e de quanto ele ajuda na definição dos sonhos para o estado. “Fico feliz pelo produto dessa nova linha de trabalho da FPA. O PT sempre produziu estudos, mas por um tempo o partido parou de avaliar seus governos e produzir analises da conjuntura e do futuro. Não podemos registrar só histórias das nossas gestões. As coisas estavam acontecendo e nós não estávamos com ações na direção de saber o quê daquilo que planejamos deu certo. Por isso a importância dessa série de estudos da FPA.”
Para o senador, o programa para as eleições deste ano precisa ter começo, meio e fim. Precisa ter mudança, mas não pode ser descontínua com o que ocorreu desde 2003, com a chegada do PT ao governo federal. “A população reconhece os avanços, mas quer mudanças. Ela quer essa mudança com inovação. Nós (o PT) representamos essa mudança e essa renovação. No Piauí somos reconhecidos pela área social e econômica, uma coisa rara, segundo pesquisas”, explicou. Dias ainda apontou que estas mesmas pesquisas, feitas pelo partido, apontam deficiências, como a questão da segurança (e das drogas), para 60% da população.
“A FPA precisa nos ajudar na questão da segurança. Essa é uma área que avançamos, mas é um grande desafio”, observou Dias. Segundo o pré-candidato ao governo do Piauí, outro desafio, este mais novo, está na qualidade da política. “Isso significa políticos honestos e valorização da competência técnica, da formação. Os serviços do Estado são vistos como de péssima qualidade. Em algumas áreas estamos no século 21 e em outras áreas estamos no século 19. Isso é visto com repugnância pala população, principalmente, pelas gerações mais jovens”, finalizou, registrando que o maior desafio será “como fazer o estado crescer, mas como um todo”.
Também presente à mesa de abertura, a deputada estadual Margarete Coelho (PP) ressaltou a importância de ter um grupo tão focado em torno de uma ideia (o estudo), que serve de subsídio para nossos discursos. “Será o ponto de diferença na campanha, que mistura o técnico com o político. A população quer algo diferente. Sabendo das dificuldades, o que se avançou e o que se pode avançar. Isso nos dará um plano de governo real, realizável. Não podemos nos distanciar das ruas. Mas não podemos ouvir por ouvir, precisamos entender o que as pessoas querem e o que é possível”, ponderou a deputada, indicada para a chapa como vice-governadora.
Contribuição para o debate
Representando a FPA, a diretora da fundação, Fátima Cleide, agradeceu o diretório do Piauí, e explicou que a oficina faz parte de uma série de encontros, como parte do plano de ação desta gestão atual. “Nosso objetivo é contribuir com o PT, produzindo conhecimento, mas não de forma solta, mas, sim de forma a melhorar a vida do povo, a partir das lutas, em todos os lugares”.
“Dentro desse projeto petista de governo, temos duas ações. Uma é o projeto para o Brasil, onde elencamos 22 temos como desafios e os analisamos. Convidamos a academia brasileira e cerca de 400 especialistas para estudar esses temas. A segunda ação dentro desse projeto é um estudo sobre os estados brasileiros. Já temos 24 trabalhos em andamento”, explicou Fátima. Ela ainda registrou que toda essa produção está sendo debatida no Fórum Ideias para o Brasil, realizado em todas as regiões do País. “Junto aos fóruns estamos realizando as oficinas e debatendo o estudo. Ele não é completo, mas traz o diagnóstico, os dados, os desafios, os problemas que cada unidade da federação, trazendo uma discussão sobre o pacto federativo e o novo federalismo.”
Piauí mapeado
“O PT ganhou com esse estudo. É um material que dá um retrato, não só da situação de hoje, mas mostra até onde podemos chegar”, ponderou a professora Maria Xavier, ex-secretária estadual de Educação do estado e coordenadora do debate. O pesquisador, professor e sociólogo Antônio José Medeiros apresentou o estudo Piauí 2000-2013: Avanços na inclusão social e desafios da integração econômica. Segundo o trabalho, houve um grande avanço na inclusão social, mas ainda há grandes problemas na produção e distribuição da riqueza.
Para Medeiros, o maior desafio é mudar a composição do PIB. “Há 60 anos o estado vive a seguinte situação: 70% da riqueza é proveniente da renda e não da produção. O desafio é aumentar a renda da produção e não só da circulação da riqueza”, destacou, esclarecendo que ser “refém” dessa dinâmica econômica não permite ao estado crescer com maior igualdade e ter uma economia mais estruturada, com melhores salários e melhoria da mão de obra.
“O IDH do Brasil melhorou e no Piauí foi melhor ainda. Esse modelo levou em conta quatro importantes eixos: a transferência de renda (entre elas o Bolsa Família) representa cerca de 3% do PIB do estado; o salário mínimo, que cresceu acima da inflação; o crédito, que cresceu muito, tanto para as empresas como para a população, no caso do Banco do Nordeste, no estado, em dez anos, cresceu 1.575%; e a desconcentração do serviço público, caso dos institutos federais, que aumentaram o número de unidades”, exemplificou Medeiros.
Plano de governo
Na parte da tarde teve lugar a mesa Uma experiência metodológica de elaboração colaborativa e participativa de Programa de Governo, que contou com apresentação de Marcos Rogério, assessor jurídico da Liderança do PT no Senado Federal e secretário-executivo de Programa de Governo/SP. Em seguida, Os desafios do Programa de Governo para o Piauí/2014, debatida após exposição de Regina Sousa, também coordenadora do Programa de Governo/2014.
*O estudo Piauí 2000-2013: Avanços na inclusão social e desafios da integração econômica será publicado em breve pela FPA e também será debatido em eventos futuros tanto no estado quanto nos fóruns que a fundação organiza.
Saiba mais
– Desenvolvimento com Justiça e Segurança, no Fórum Regional FPA em Belo Horizonte