Deputado morto e desaparecido durante a ditadura irá nomear o corredor de acesso à Biblioteca da Câmara, além de ganhar um busto no Anexo II da Casa

No mesmo ano em que a Comissão Nacional da Verdade aponta os autores da morte e ocultação de cadáver do então deputado federal Rubens Paiva, a Câmara dos Deputados presta sua homenagem. No próximo dia 1º de abril, o corredor de acesso à Biblioteca da Câmara passa a se chamar Espaço Rubens Paiva, com a inauguração de um busto do deputado no Anexo II, seguido de um ato no Auditório Nereu Ramos. Assista a transmissão ao vivo do ato aqui.

Junto ao busto, constará uma placa com a seguinte inscrição: “Deputado Rubens Paiva – (1929-1971) – Defensor da liberdade e da democracia”. A homenagem nasceu de um Projeto de Resolução, de 2011, dos deputados Paulo Teixeira (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB). No projeto, os deputados traçam uma breve biografia do homenageado:

“Rubens Paiva é um mártir da liberdade e da democracia no Brasil. Na condição de militante do PTB, partido do então presidente João Goulart, ele foi eleito deputado federal nas últimas eleições democráticas realizadas antes do golpe militar de 1964. Era engenheiro civil formado pela Universidade Mackenzie, foi presidente do Centro Acadêmico de sua faculdade e vice-presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes).

Na condição de militante do movimento estudantil da época, Paiva participou das grandes mobilizações populares da campanha o ‘Petróleo é Nosso’, que comoveram a nação e criaram as condições para o estabelecimento do monopólio estatal da exploração do petróleo e para a criação Petrobras. Como Deputado, participou das investigações levadas a efeito pela CPI destinada a investigar as atividades do Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e do IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), duas instituições financiadas pela CIA, e que estiveram na raiz da preparação e do financiamento do golpe de estado que seria desfechado em 31 de março de 1.964.

Foi por este passado democrático que o deputado Rubens Paiva tornou-se objeto da ira dos golpistas desde o primeiro momento do estabelecimento do regime. Não foi, portanto, uma surpresa que seu nome aparecesse na primeira lista de parlamentares cassados pelo regime de exceção, divulgada em 10 de abril de 1964. Logo depois do golpe, compelido pelo ambiente de caça às bruxas instalado no país, ficou exilado na antiga Iugoslávia e na França.

Em menos de um ano voltou ao Brasil e se reintegrou na resistência pacífica ao regime de exceção. Em 20 de janeiro de 1971, quando retornava do Chile, então governado pelo presidente Salvador Allende, socialista que liderava o governo de Unidade Popular, Paiva teve sua casa invadida e foi sequestrado, desde então é considerado desaparecido, mas existem testemunhos de sobreviventes das masmorras do regime que dão conta de que ele foi barbaramente torturado e assassinado.”

Ato em Homenagem à Resistência e Luta pela Democracia
Brasília (DF), Câmara dos Deputados
1º, terça-feira
17h – Inauguração do busto do deputado Rubens Paiva, Anexo II da Câmara dos Deputados
18h – Lançamento do livro Perfis Parlamentares – Rubens Paiva, de Jason Tércio, foyer do Auditório Nereu Ramos
18h30 – Ato, Auditório Nereu Ramos

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