Nordeste: a urgência das obras estruturantes
Durante o seminário “Brasil hoje e suas perspectivas” realizado nos dias 17 e 18/6, em Recife, pelo fórum dos presidentes do PT Nordeste, pelo Diretório Nacional do PT e pela Fundação Perseu Abramo, um dos debates que mais despertaram a atenção dos participantes foi o de desenvolvimento regional e infraestrutura. Os dois palestrantes convidados – Roberto Smith e José Sérgio Gabrielli – falaram sobre as transformações pelas quais está passando o Nordeste, as ações de Estado, as reações a essas ações e as necessidades mais urgentes para acompanhar e viabilizar essas transformações.
Para Roberto Smith, ex-presidente do BNB, o Nordeste vive hoje uma reversão de sua história nas mais diferentes vertentes: seja na economia,na reversão de fluxos migratórios, em volume de investimentos, no fortalecimento do mercado interno. Toda essa transformação gera novas necessidades, como a de infra-estrutura. Segundo smith, um dos temas que mais preocupavam Celso Furtado era o da debilidade do mercado interno nordestino, e essa é, atualmente, uma das principais mudanças no panorama da região. Na sua apresentação, Smith fez um denso relato sobre a formação do Nordeste brasileiro e sobre os problemas e saídas possíveis. A íntegra do texto pode ser lida no portal FPA.
A necessidade de dotar a região de infra-estrutura também foi abordada por José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, durante sua intervenção. Gabrielli falou sobre o efeito da ação do Estado sobre a economia nordestina e sobre a reação da sociedade política e da sociedade nordestina a essas ações. O Nordeste, segundo ele, vive uma revolução, a transferência de dinheiro é maior do que em toda a história, com recursos chegando diretamente às famílias, os programas passando por cima dos caminhos tradicionais, ou seja, da representaçao política local.
O Nordeste, segundo Gabrielli, cresce a taxas chinesas e isso traz problemas como falta de infraestrutura, problemas com o lixo, com o transporte. Outro problema apontado por Gabrielli é a inversão do fluxo migratório. O fluxo deixa de ser para cidades grandes como São Paulo e passa a ser para cidades medias. E isso exige que essas cidades se tornem uma rede, que tenham políticas para infraesturtura. "Nos últimos 9 anos, nas cidades com até 10 mil habitantes, o consumo cresceu em lan houses e em sex shop" e isso segundo ele, cria um novo ritmo; o consumo está se modificando.
Para Gabrielli, é urgente a implementação e a intensificação de algumas obras estruturantes no Nordeste nas áreas de transportes, energia e combustível. Ele citou as ferrovias, os oleodutos, a revitalização e transposição do rio São Francisco, entre outras. Outras providências citadas por Gabrielli foram o estímulo ao comércio, à integração subregional do Nordeste. "O movimento sindical também está vivendo um momento novo, porque está havendo movimento de trabalho, redução do desemprego, deslocamento de populações, aumento da produção. E é preciso saber admdinistrar tudo isso.", concluiu Gabrielli.