XVII Foro de São Paulo: o debate internacional sobre as alternativas de esquerda
Atualizado em 07/6/2011, às 17h00
"Construyendo un cambio de época. El proyecto alternativo de los sectores populares, progresistas y las izquierdas latinoamericanas" é o tema central da XVII edição do Foro de São Paulo que começou nesta quarta-feira (18/5), em Manágua, Nicarágua. Na pauta do debate, a investida da direita na América Latina e Caribe e desafios da esquerda.
O Foro de São Paulo foi aberto oficialmente ontem no final da tarde, com a presença do presidente nicaragüense, Daniel Ortega, o ex-presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya, o chanceler venezuelano Nicolás Maduro, o presidente da Assembléia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcón, além da guatemalteca Rigoberta Menchú. Desde o início da semana, representantes de partidos, fundações partidárias e escolas de formação, além de setoriais como juventude, mulheres e outros, aproveitam para fazer as reuniões bilaterais para tratar de temas comuns e para articular ações conjuntas em diferentes países da América Latina e do Caribe.
A organização local do evento coube à Frende Sandinista de Libertaçao Nacional (FSLN) e segundo seu secretário de Relações Intrnacionais Jacinto Suárez, estão reunidos em Manágua 257 pessoas de 42 partidos políticos de esquerda de 32 países de América Latina, Caribe, Europa e Ásia (*Atualização: Finalizado o credenciamento, o Foro de São Paulo reuniu em Manágua, segundo os dados consolidados, 640 delegados de 48 países membros, vindos de 21 países). Segundo Valter Pomar, secretário executivo do Foro de Sao Paulo, também estão participando do Foro como convidados, representantes da Itália, do Japão, da Finlândia, da Alemanha, além de representantes das embaixadas da Líbia e da Venezuela na Nicarágua. Do Brasil participam da reunião o PT, o PCdoB, o PSB e o Partido Pátria Livre.
No ato de abertura, todos os integrantes da mesa enfatizaram a importância do Foro de São Paulo para a articulação das esquerdas latinoamericanas e caribenhas para fazer frente a governos e manifestações neoliberais. Quase todos falaram sobre o momento histórico, de comemoração dos 50 anos da FSLN e dos 116 anos do nascimento de Augusto Sandino.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse que as tentativas de golpes de Estado se repetem e que dos seis registrados no século XXI, quatro deles estão na região da ALBA (Venezuela, Bolívia, Equador e Honduras). Zelaya disse ainda que pretende retornar nos próximos dias a seu país, resultado de uma articulação da Colômbia e da Venezuela iniciada em abril e que inclui a volta de Honduras à Organização dos Estados Americanos, a OEA.
A prêmio Nobel da paz Rigoberta Menchú enfatizou a importância do Foro e da intervenção das esquerdas num momento de decadência profunda das instituições, espiritual, social e do capitalismo. A esquerda tem em sua história a presença e participação dos povos indígenas, dos jovens e das mulheres, concluiu Rigoberta.
Já o representante do Partido Comunista de Cuba, Ricardo Alarcón, ressaltou que hoje a América Latina pode mostrar como se desenvolvem processos alternativos, caminhos de diferentes dogmas daqueles pregados pelo capitalismo. Alarcón falou rapidamente das mudanças em seu país e disse que hoje a luta em Cuba se trata não de renunciar ao socialismo, mas sim, de salvar o socialismo possível. Segundo ele, Mariátegui [José Carlos] já dizia que o socialismo na América Latina seria uma criação heróica, uma luta heróica.
Sobre os Estados Unidos, Alarcón disse ser imprescindível a suspensão do bloqueio americano, o fechamento da base de Guantanamo e a libertação dos cinco cubanos presos injustamente naquele país.
O chancelar venezuelano Nicolás Maduro esteve na abertura do Foro representando o presidente Hugo Chavez. Maduro falou sobre os países do âmbito do Foro que souberam resistir ao neoliberalismo. Ele leu mensagem de Chavez aos integrantes do Foro sobre o papel dos países latino-americanos e de seu povo e sobre a esperança que se renova. Chavez também citou a herança libertária de Sandino e Bolívar.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, enfatizou a luta do povo da América Latina e do Caribe nos processos de libertação. A FSLN completa 50 anos e a Nicarágua foi um dos países da região que viu a esquerda subir ao poder. Ortega falou ainda sobre o sonho de liberdade dos povos da região e sua luta contra o colonialismo, o neocolonialismo e o imperialismo. Segundo Ortega, aumentou a desmoralização dessas práticas e passou a prevalecer a atuação dos defensores da ideias socialistas, das ideias comunistas. Ao citar a revolução cubana e a resistência de Cuba, ele ressaltou que ali havia se instalado o socialismo como alternativa. Com a revolução venezuelana, segundo ele, provou-se que Cuba não estava sozinha nesse caminho.
E essa revolução trouxe alternativsa para a Nicarágua, principalmente com a ALBA. "A América Latina tem diferentes blocos e temos que respeitar o tempo, as característcas de cada um deles", disse Ortega, que concluiu afirmando que não há democracia possível com a essência do capitalismo, que é incompatível com a democracia.
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