O adeus a Maria Amélia Buarque de Holanda
Aos 100 anos de idade, faleceu esta madrugada a pintora e pianista Maria Amélia Buarque de Holanda, uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores. Memélia, como era chamada pelos amigos, é mãe de Álvaro, Maria do Carmo, Sérgio, e os músicos Ana de Holanda, Chico, Cristina Buarque e Miúcha. Era admiradora e amiga de Lula, desde a época da fundação do Partido.
O presidente Lula enviou a seguinte mensagem para a família de Maria Amélia:
"Maria Amélia era uma pessoa que aliava ternura a firmeza, inteligência e preocupações sociais. Mesmo sendo filha de família tradicional, durante toda a vida lutou e apoiou as lutas pela liberdade e por uma sociedade mais igualitária. Juntamente com seu companheiro, o consagrado intelectual Sérgio Buarque de Holanda, foi uma das fundadoras do PT. Há poucos meses, durante as comemorações de seus 100 anos de idade, eu a encontrei, como sempre, lúcida e demonstrando estar ligada às questões que afetam nosso país e nosso povo. Memélia, como era chamada na intimidade, foi um modelo de integridade e de vida, o que foi transmitido a todos os filhos. Para mim, foi muito doloroso receber a notícia de sua perda, uma vez que sempre tive muito orgulho de desfrutar de sua amizade. Neste momento difícil, de consternação, solidarizo-me com todos os seus filhos, parentes e amigos".
Zilah Wendel Abramo, presidente do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo, enviou a seguinte mensagem para a família de Maria Amélia Buarque de Holanda:
"Com muita tristeza, recebi a notícia do falecimento de Maria Amélia. Tive a felicidade de conhecê-la de perto e nunca deixei de admirar a vivacidade, o bom humor com que ela encarava a vida, mas, mais do que tudo, a firmeza das suas convicções e a disponibilidade para acolher quem a procurava para apoio ou para ajuda. Isso ficou evidente quando a Fundação Perseu Abramo realizou, no Rio de Janeiro, o seminário “Sergio Buarque e o Brasil”. Ela acompanhou todas as sessões do nosso Seminário com o máximo de atenção e entusiasmo, deixando bem clara sua satisfação pela nossa iniciativa.
Mando para a família um grande abraço e minha total solidariedade, sabendo que Maria Amélia deixa uma saudade imorredoura para todos os que tiveram o privilégio de conhecê-la".
O crítico literário Antonio Candido afirmou que: "É muito raro aparecer gente da alta qualidade humana de Maria Amélia, que além do que fez pela família, fez também muito pelos amigos e as convicções, sempre com uma generosidade só comparável a sua integridade excepcional. Fomos amigos por mais de sessenta anos e posso dizer que a convivência com ela e com Sérgio foi um dos maiores bens da minha vida."
Para o poeta Pedro Tierra, ela foi "a mulher que amou um dos mais profundos intérpretes da História do Brasil, deu à luz um gênio e uma voz inseparável de nossas vidas e uma fiel filiada ao Partido dos Trabalhadores".
A crítica literária e membro do Conselho de Redação da revista Teoria e Debate, Walnice Nogueira Galvão escreveu:
"Matriarca reinando sobre uma prole de sete filhos, com numerosos netos e bisnetos, Maria Amélia foi uma amiga perfeita, leal e calorosa. Sua casa era aberta a todos que batessem à porta. Uma mulher extraordinária: inteligente, culta, simples e operosa, desapegada a bens materiais, sempre disposta a repartir o pouco que tinha. E uma petista dedicada por toda a vida. A festa de seu centenário reuniu parentes e admiradores, num clima de grande alegria, como era de seu temperamento; e o presidente Lula, um velho amigo, integrou o coro dos celebrantes."
Maria Amélia participou, em 2001, da inauguração do Centro Sérgio Buarque de Holanda – CSBH/FPA, cujo nome homenageia o historiador que também participou da fundação do PT. Na foto 1, ela conversa com Alexandre Fortes e Luiz Dulci; na foto 2, com Marco Aurélio Garcia e Maria Alice Vieira.
Fotos: Sérgio Mecker
Atualizado em 7/5/2010 às 15:45