Para onde vai o seu imposto: saúde, educação e previdência concentram o orçamento federal
A maior parte do orçamento brasileiro sustenta direitos essenciais, de aposentadorias a saúde e educação públicas

O Brasil arrecadou R$ 2,65 trilhões em impostos federais em 2024, segundo a Receita Federal, o maior valor já registrado. Somando tributos estaduais e municipais, a carga tributária bruta chegou a 32,3% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar comparável ao de países desenvolvidos. Mas, afinal, para onde vai o dinheiro arrecadado todos os anos?
Grande parte dos recursos arrecadados não está disponível para uso livre do governo. Segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, 94% do orçamento federal é composto por despesas obrigatórias — como previdência social, salários de servidores públicos, transferências a estados e municípios e pagamento da dívida pública.
Apenas uma pequena parcela, estimada em R$ 178 bilhões para 2025, corresponde às despesas discricionárias, aquelas destinadas a investimentos e novos programas. Por isso a importância do avanço da Reforma Tributária.
Gastos concentrados em previdência e políticas sociais
Os maiores gastos da União continuam concentrados em áreas sociais e previdenciárias. A Previdência Social deve consumir cerca de R$ 1,01 trilhão em 2025, seguida pelas despesas com pessoal e encargos sociais, que somam R$ 416 bilhões, segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento.
As transferências constitucionais a estados e municípios — como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o Fundo de Participação dos Estados (FPE) — totalizam R$ 558 bilhões, conforme o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 enviado ao Congresso Nacional.
Na área de políticas públicas, o Ministério da Saúde deve receber R$ 234 bilhões, e a educação, R$ 175 bilhões, de acordo com levantamento da Câmara dos Deputados.
A assistência social, que engloba o Programa Bolsa Família e outros benefícios, contará com R$ 283 bilhões. Já o pagamento de juros e amortizações da dívida pública deve ultrapassar R$ 3,3 trilhões, tornando-se o maior componente individual do orçamento federal.
Desafio fiscal e rigidez orçamentária
Mesmo com a arrecadação em alta, o governo enfrenta desafios fiscais persistentes. O resultado primário — diferença entre receitas e despesas antes do pagamento de juros — deve encerrar 2025 com déficit de R$ 40,4 bilhões, conforme estimativas do Ministério da Fazenda. Para cumprir a meta fiscal, o governo anunciou bloqueios de R$ 31,3 bilhões no orçamento de 2024.
Economistas apontam que o principal obstáculo é a rigidez orçamentária: a maior parte do dinheiro arrecadado já chega comprometida por regras constitucionais e gastos obrigatórios, o que limita a capacidade do governo de investir em novas políticas públicas e obras.



