Conflito Rússia e Ucrania: em outubro a anunciação ainda não é de paz
O conflito entre Rússia e Ucrania segue nos trazendo notícias triste ou consternadoras, mas precisamos saber se há chance para a paz!
Michel Szurkalo
O conflito entre Rússia e Ucrania segue nos trazendo notícias triste ou consternadoras, mas precisamos saber se há chance para a paz!
Nesse sentido, acompanhar as ações oficiais de Vladimir Putin e de Volodimir Zelenskiy pode ser valioso.
Um exemplo deste esforço ocorreu no último dia 14 de outubro de 2024, quando o governo ucraniano divulgou um documento importante, assinado pelos ucranianos e outros e outros 32 países (União Europeia e Otan), sinalizando condições para um possível acordo de paz.
Esse documento pode parecer um pouco ambíguo quanto ao seu objetivo, pois ao mesmo tempo em que pede o fim das hostilidades e agressões, menciona as consequências contra os agressores, parecendo um tipo de ultimato. Ou os russos aceitam os termos ou quem subscreve o Comunicado podem se sentir autorizado a auxiliar na autodefesa ucraniana.
O documento denominado “Comunicado conjunto – Prevenindo o agravamento e a repetição da agressão” é a continuidade da Cimeira de paz na Ucrania, realizada na suíça em 15 e 16 de junho de 2024. E embora traga em si menções a dispositivos da Carta das Nações Unidas, ele menciona temas que preocupa ao mundo, como: o tratado de não proliferação de armas nucleares e os riscos de uma guerra nuclear, a importância de um compromisso com a segurança, o fim das agressões russas, o que parece ser um bom sinal para os caminhos da paz.
Ao mesmo tempo, o documento convoca mais países para aderir aos termos de cooperação no campo de defesa, mostrando disposição em inserir novos parceiros no conflito. Dando margem a compreensão de que o objetivo central é um pedido de adesão de países para lutar contra os russos.
Ademais, o documento apresenta itens que não convergem com o objetivo do cessar-fogo ou da paz, pois os termos para o fim do conflito seriam: “(que) a agressão seja interrompida, a integridade territorial seja restaurada e os danos causados (russos) pelos agressores sejam compensados(…)”. Ou seja, para valer a paz, os russos precisariam devolver a Crimeia, Donetsk e Lugansk e indenizar os ucranianos.
Essas condições parecem um “bode” na mesa de negociação, pois a escalada do conflito ocorreu justamente pela atuação militar dos ucranianos para reprimir as
maiorias russas nas regiões mencionadas, inclusive ignorando a declaração de independência das republicas de Donetsk e Lugansk em 7 de abril de 2014.
A centelha do conflito da escalada oficial do conflito foi a operação militarrussa em defesa da população russa nestes territórios.
Atualmente estes territórios comemoram 2 anos do referendo que aprovou a anexação dos territórios a Rússia em setembro de 2022, portanto não parece ser simples um acordo que devolva estes territórios à Ucrania.
Os russos, por sua vez, seguem trabalhando e organizando o país frente ao conflito, e no dia 15/10/24, conforme o Kremlin, Vladimir Putin se reuniu com o Diretor Geral da Corporação Estatal de Energia Atômica Rosatom Alexei Likhachev para que ele fizesse um balanço dos trabalhos da estatal nuclear.
O sr. Likaschev, além de falar do sucesso das atividades comerciais internacionais, mencionou a necessidade de investimento estatal para melhorias em pesquisa civil e militar, inclusive para as operações militares especial junto a Rosatom.
Por sua vez, Putin sinalizou que fará esses investimentos no setor, por se tratar de um gesto de fortalecimento estratégico da soberania russa. Parece que o líder russo considera essencial seguir se organizando para este conflito usando tecnologia nuclear.
Os russos estão lidando com grande naturalidade com o tema nuclear, ao passo que os ucranianos seguem buscando adesão de outros países para enfrentar a Rússia.
Não parece que o comunicado conjunto da Ucrania e as ações da Rússia sinalizam para a paz.
Enfim, embora sigamos acreditando e defendendo a paz, há muitos sinais que estamos na antessala de uma guerra mundial.
Sociólogo e internacionalista