“Temos uma democracia jovem, precisamos ancorá-la, fortalecê-la, afirmá-la, aprofundá-la e nos aproximarmos dos valores democráticos”, diz Margareth Menezes. Seminário do MinC discute criação do museu como um espaço de memória

No momento em que o país assiste às primeiras condenações daqueles que atacaram as instituições democráticas em 8 de Janeiro, quando uma turba de apoiadores de Jair Bolsonaro saqueou e depredou os edifícios do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional, a ideia da criação do Museu da Democracia ganha apoio da sociedade civil e é amplamente debatido em Brasília.

“Temos uma democracia jovem, precisamos ancorá-la, fortalecê-la, afirmá-la, aprofundá-la e nos aproximarmos dos valores democráticos. A nossa história política social recente nos encoraja a criar o projeto do museu, um espaço de produção de cultura e reconhecimento capaz de apresentar e contribuir com o entendimento sobre a história da democracia no Brasil”, explica a ministra da Cultura, Margareth Menezes. 

O Ministério da Cultura promoveu na última semana o Seminário Memória e Democracia, no Palácio do Itamaraty, em Brasília para dar início ao debate em torno do museu. “Que o Museu da Democracia seja um marco para a nossa sociedade. Esse é um projeto e um compromisso da nossa gestão. Contra toda e qualquer forma de ditadura, para que isso nunca mais aconteça”, destacou Margareth, na abertura do seminário. 

Entre os convidados, a historiadora e cientista política Heloisa Starling, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, a professora Ynaê Lopes dos Santos, a poeta e geógrafa Márcia Kambeba e o integrante da Fundação do Museu da Memória e Direitos Humanos (MMDH) do Chile Álvaro Ahumada San Martín. “O seminário é uma oportunidade de diálogo entre pessoas de diferentes áreas da cultura e do conhecimento, promovendo uma discussão aberta sobre a democracia, sua história, significado e importância na vida política, social e cultural do Brasil”, disse a ministra.

“Ao lembrarmos e refletirmos sobre nossa história, somos capazes de reconhecer nossos erros, celebrar nossas conquistas e, acima de tudo, aprender com nossas experiências. Não há democracia sem cidadania, sem cultura ou sem história”, destacou o o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O seminário Memória e Democracia é um convite à reflexão sobre essa responsabilidade e nosso dever como governo, como sociedade, de valorizar e preservar a nossa cultura, nossa memória e, consequentemente, a nossa democracia”.

O Museu da Democracia brasileira será construído em Brasília e  tem como objetivo resgatar e registrar a educação para a memória e para a construção da cultura democrática do país. A proposta pretende combinar descoberta, aprendizado e troca de conhecimentos que contribuam para o entendimento sobre a história democrática do Brasil e sobre os diversos momentos em que brasileiros e brasileiras se mobilizaram com o objetivo de implantar, defender e expandir a democracia em nosso país.

“Não existe no Brasil nenhuma história da democracia. Não tem nenhum livro. Isso diz muito, talvez, da dificuldade que nós temos que reconhecer a importância da nossa experiência”, a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e uma das curadoras do evento, Heloísa Starling. O encerramento do seminário contou com a apresentação da cantora Zélia Duncan, que também participou como palestrante. •

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