Júri considera ex-presidente responsável por abuso sexual e difamação. Seis homens e três mulheres determinam ao empresário e dublê de político que indenize Jean Carroll em US $ 5 milhões por danos. Ela o acusou de tê-la estuprado

Donald Trump é condenado

Demorou. Mas o infortúnio do ex-presidente Donald Trump se aprofunda à medida que ele planeja retomar a Casa Branca numa disputa contra o presidente Joe Biden em 2024. A disputa para o republicano, contudo, está mais dura, com muitos reveses se acumulando para o empresário.

Na última terça-feira, 9, um júri de Manhattan considerou Trump responsável por abusar sexualmente e difamar a escritora E. Jean Carroll. A Justiça dos Estados Unidos condenou o ex-presidente a indenizá-la em US$ 5 milhões por danos e abusos. Mais de uma dúzia de mulheres acusaram Trump de má conduta sexual ao longo dos anos, mas esta é a única alegação confirmada por um júri.

No caso civil, o júri federal de seis homens e três mulheres concluiu que Carroll, 79, ex-redatora de uma revista, havia provado suficientemente que Trump a abusou sexualmente há quase 30 anos em um camarim do departamento de Bergdorf Goodman, uma loja situada em Manhattan, na cidade de Nova York. O júri, no entanto, não concluiu que ele a estuprou, como Jean havia acusado.

Ao retornar o veredito pouco antes das 15h, o júri também descobriu que Trump, que está concorrendo para reconquistar a Casa Branca numa eventual disputa contra o democrata Joe Biden, difamou Carroll em outubro, quando postou uma declaração em sua plataforma Truth Social chamando o caso de “uma fraude completa” e “uma farsa e uma mentira”. O advogado disse que o empresário pretende recorrer.

Os advogados de Trump não convocaram testemunhas, e ele nunca compareceu ao julgamento para ouvir o testemunho de Jean Carroll, que o processou no ano passado, prestando um depoimento visceral sobre o ataque que ela alega ter sofrido e que teria acabado com a sua vida amorosa para sempre. Donald Trump, que evitou o julgamento, continuou a dizer que não a conhecia.

Ainda na terça-feira, ela acenou com a cabeça enquanto um funcionário do tribunal lia o veredito em voz alta. Ela ficou satisfeita ao ouvir que Trump foi responsabilizado por difamação. E saiu do tribunal com um sorriso de orelha a orelha, de mãos dadas com sua advogada, Roberta A. Kaplan. Uma mulher gritou: “Você é tão corajosa e linda”. E ela respondeu: “Obrigada, muito obrigada”.

À imprensa, ela fez um pronunciamento duro: “Abri este processo contra Donald Trump para limpar meu nome e recuperar minha vida. Hoje, o mundo finalmente conhece a verdade. Esta vitória não é apenas para mim, mas para todas as mulheres que sofreram”.

Em sua rede social, a Truth Social, Trump continuou a insistir que não conhecia Carroll, após o veredito: “Não tenho absolutamente nenhuma ideia de quem é essa mulher. Este veredito é uma desgraça – uma continuação da maior caça às bruxas de todos os tempos!” Seu advogado, Joseph Tacopina, disse do lado de fora do tribunal que o caso será apelado. Também defendeu a ausência de Trump no tribunal e sua decisão de não testemunhar em sua própria defesa. •