“Combater a desigualdade”
Na presença de Lula, a primeira mulher que chegou ao poder no Brasil assume agora a presidência do NDB, o banco dos Brics. “A inclusão e a questão da desigualdade são o desafio central dos países em desenvolvimento”, aponta Dilma
Ela deu a volta por cima. Depois de ser vítima de uma trama golpista urdida entre setores da oposição ao seu governo e do seu próprio companheiro de chapa, Dilma Rousseff retorna à ribalta do palco da política internacional. Na quinta-feira, 13, ela tomou posse na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês). E mostra que se mantém ao lado de todos aqueles que sonham um mundo menos desigual.
No discurso feito diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e de autoridades da China e do Braisl, Dilma defendeu que o NDB dê prioridade às ações de combate à pobreza e às desigualdades sociais, usando moedas locais para novos projetos de investimento. Ela declarou que a inclusão e a desigualdade precisam ser enfrentados e superados pelos países integrantes do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“A inclusão e a questão da desigualdade são desafio central dos países do Brics. O NBD apoia projetos que sejam críticos. Portanto, para reduzir a desigualdade e melhorar o padrão de vida das imensas comunidades pobres e excluídas, garantindo acesso à moradia, educação e saúde”, disse Dilma Rousseff. “Outra prioridade será promover a inclusão em toda e qualquer oportunidade que tivermos. O NDB precisa apoiar projetos que sejam críticos para reduzir a desigualdade e melhorar o padrão de vida das imensas comunidades pobres e excluídas do acesso à moradia, à educação e à saúde”.
O banco dos Brics foi fundado pelos quatro países em Fortaleza (CE), durante uma reunião de cúpula do Brics em 2014. O capital inicial do banco é de US$ 100 bilhões e o capital subscrito inicial é de US$ 50 bilhões. Entre os objetivos do banco está o de fornecer financiamento para projetos de infraestrutura. A instituição também presta assistência aos outros países que sofrem com a volatilidade econômica após o fim da política monetária expansionista dos Estados Unidos.
Dilma prometeu em seu discurso que vai perseguir tais objetivos de maneira intensa. “Vamos desenvolver modelos de financiamento inovadores, capazes de alavancar recursos públicos e privados para obter o máximo impacto”, disse. “Captaremos recursos dos mais diversos mercados mundiais, em diferentes moedas, como renminbi, dólar e euro. Buscaremos financiar nossos projetos em moedas locais, privilegiando os mercados domésticos e diminuindo a exposição às variações cambiais. Nosso objetivo é construir alternativas financeiras robustas para os países-membros”.
No discurso de posse, Dilma destacou ainda o compromisso do banco na mobilização de recursos para investimentos em energia limpa e eficiente, infraestrutura de transporte, água e saneamento, proteção ambiental, infraestrutura social e infraestrutura digital. Dilma disse que o NDB vai dar “grande prioridade” ao levantamento de fundos próprios para o financiamento de projetos. “O banco está em uma posição única para liderar o caminho ao modelo de desenvolvimento de um mundo próspero”, respeitando as características de cada país.
Dilma também fez questão de ressaltar a importância da volta do Brasil como protagonista no tabuleiro da política internacional. “Lula é um líder mundialmente respeitado pelo seu legado e realizações, e que vem inspirando a muitos pela sua história de luta e trabalho pelos mais pobres, pelo seu compromisso com os países em desenvolvimento e economias emergentes e pelo seu compromisso com desenvolvimento sustentável”, disse. “A presença do presidente na sede do NDB e na China é uma demonstração dos seus esforços para a promoção do desenvolvimento internacional. Com o presidente Lula, o Brasil reassume papel decisivo como um líder regional e global”.
Ela reforçou ainda o seu compromisso em promover a inclusão e reduzir as desigualdades. “Como ex-presidenta de um país em desenvolvimento, sei da importância dos bancos multilaterais, e, sobretudo, do imenso desafio de prover financiamento na escala adequada para atender as necessidades econômicas, sociais e ambientais dos países. Sei do valor que é poder contar com o apoio de uma instituição como o Banco dos Brics, uma instituição que é parceira e comprometida com o apoio às prioridades do desenvolvimento dos nossos países”, disse.
Dilma lembrou que os cinco países do Brics, somados, representam mais de 40% da população mundial e aproximadamente um quarto do PIB global. “Estima-se que a economia dos Brics já seja maior do que a economia dos países do G7. De fato, o grupo é hoje uma força ainda mais significativa na economia global, sendo o maior motor de crescimento”, discursou. “Para além da economia, a crescente importância dos Brics é um reflexo do papel de seus integrantes como líderes globais e da sua capacidade de se unir para encarar os maiores e mais urgentes desafios da atualidade. Juntos, os Brics são mais fortes e capazes”.
Com uma população combinada de mais de 3 bilhões de pessoas e um PIB de mais de US$ 25 trilhões, o grupo tem força para liderar o caminho em direção a um modelo de desenvolvimento compartilhado para todos.
“É bem verdade que as economias emergentes encaram ainda desafios significativos, como a desigualdade persistente, a pobreza extrema, a infraestrutura inadequada e a falta de acesso à educação, à saúde e à moradia. Mas, juntos, os Brics têm condições de contribuir para que seus membros e outros países em desenvolvimento superem esses problemas”, lembrou Dilma. •