O Brasil se despede de Maria Fernanda
Atriz foi um dos grandes nomes do teatro nacional do século 20. Ela era filha da poetisa Cecília Meirelles e faleceu aos 96 anos
O Brasil perdeu, em 30 de julho, uma das grandes divas do teatro nacional: a atriz Maria Fernanda faleceu aos 96 anos de idade. Ela morreu em virtude de complicações respiratórias, após passar quatro dias internada na Casa de Saúde São José, no bairro do Humaitá, no Rio de Janeiro. Ela construiu uma sólida carreira artística no teatro, no cinema e na televisão.
Na telona, seus últimos papéis foram como a Rainha Dona Maria I, em “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” (1995), de Carla Camuratti, que marcou a retomada da produção do cinema nacional, e como Mãe Inácia, em 2004, no filme “O Quinze”, de Jurandir de Oliveira, baseado no romance de Raquel de Queiroz.
Maria Fernanda Meirelles Correia Dias nasceu no Rio de Janeiro, em 27 de outubro de 1925, filha da poetisa Cecília Meireles e do pintor Fernando Correia Dias. Ela começou a carreira ainda nos anos 40. Em 1948, dá início à sua carreira no Teatro do Estudante do Brasil (TEB), de Paschoal Carlos Magno, estreando em “Hamlet”. Em 1936, havia participado do filme “Sempre resta uma esperança”.
Em 1949, após interpretar um menino na peça “O Carteiro do Rei” (1949), ganha uma bolsa de estudos no lendário Old Vic, em Bristol, na Inglaterra onde permanece vivendo e chegou a ser contratada pela BBC. Antes de deixar o Brasil, atuou em “A Mulher de Longe (1949)”, que só viria a ser lançado em 2013.
De volta ao Brasil em 1953, retorna também ao teatro. Na Companhia Dramática Nacional, consagra-se nas peças “As casadas solteiras”, “Senhora dos afogados” e “Cidade assassina”. No mesmo ano atua no filme “Luz Apagada” (1953), um clássico dos Estúdios da Vera Cruz.
Após atuar em diversos teleteatros, a atriz fez sua primeira telenovela, na TV Tupi. Maria Fernanda vive Scarlet O’Hara na novela “…E O Vento Levou” (1956), baseada no livro que deu origem a um dos filmes mais famosos da história do cinema. Lima Duarte interpretava Rett Buttler, papel eternizado por Clark Gable nos cinemas.
Além de Scarlet O’Hara, Maria Fernanda também viveu Blance Dubois em uma adaptação de “Um bonde chamado desejo” (1959), no programa TV de Vanguarda, fazendo os papéis clássicos da atriz Viven Leigh. Em 1958, Maria Fernanda faz sua segunda novela: “A Vida de George Sand” (1958).
Em 1960, deixa a Tupi, rumo a TV Record, onde faz outra novela importante: “Dr. Jivago” (1960), interpretando Lara. Entre 1962 e 1963 ela ainda reviveria Blance Dubois nos palcos, em duas ocasiões. A primeira delas, dirigida por Augusto Boal, em São Paulo, e a segunda por Flávio Rangel, no Rio de Janeiro. Pela montagem carioca, ganhou os prêmios Molière, Saci e Governador do Estado de 1963.
Na década de 1970, Maria Fernanda conquista uma enorme popularidade ao atuar em diversas telenovelas, ficando marcada especialmente como Dona Sinhazinha Guedes Mendonça na bem sucedida “Gabriela” (1975), da TV Globo. Ela ainda participaria de “João da Silva” (1973), “O Grito” (1975), “Nina” (1977) e “Pai Herói” (1979). Nos anos 80, atuaria em “Dulcinéia Vai à Guerra” (1980), “Nem Rebeldes, Nem Fiéis” (1982), “O Tronco do Ipê” (1982), “Moinhos de Vento” (1983), “Dona Beija” (1986), “Mania de Querer” (1986) e “Olho Por Olho” (1988). •