Ex-presidente diz que é hora de voltar a cuidar do povo: “Não se fala mais em distribuição de renda no país”. E defendeu Estado como indutor do desenvolvimento

 

 

O Brasil não suporta mais os desmandos do Palácio do Planalto e do Ministério da Economia. A falta de ação do governo devastou empregos e empurrou milhões de brasileiros para a extrema pobreza e a fome. Na sexta-feira, 8, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço de sua agenda de encontros e reuniões em Brasília e falou dos desafios de reconstrução do Estado brasileiro, demolido por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. “Quero um Estado forte, porque só um Estado forte é capaz de acabar com a miséria nesse país”, disse.

Para colocar o país novamente no rumo da prosperidade, insiste Lula, é preciso devolver ao Estado o papel de indutor do desenvolvimento, por meio de políticas de fomento econômico e atração de investimentos. “Quero um Estado capaz de melhorar o SUS, que era tripudiado antes da pandemia, e agora é endeusado por quem tripudiava. O SUS é uma coisa extraordinária. Não quero um Estado empresarial mas com força para ser o indutor do desenvolvimento”, apontou o ex-presidente. Segundo Lula, é preciso um Estado que cuide das pessoas. “É esse Estado socialmente justo que quero para esse país”, defendeu.

Ele reconheceu que os desafios do país em 2023 são maiores do que quando assumiu a Presidência há quase 20 anos mas insistiu que é hora de olhar para a frente e criar novas oportunidades para o futuro. “Quando deixei a Presidência, jamais imaginei que o Brasil ficaria pior do que deixei. Não esperava que o Brasil voltasse ao Mapa da Fome, era um motivo de orgulho termos saído”, desabafou.

Lula lembrou, no entanto, que o partido fez muito pelo país nos 13 anos em que governou o Brasil. Os resultados econômicos do PT falam por si, argumentou Lula, mas é possível fazer muito mais. “O legado que deixei nesse país vale por 500 cartas ao povo brasileiro”, comparou, ao responder se faria uma nova versão do documento apresentado à sociedade nas eleições de 2002. “Nós pegamos esse país com U$ 30 milhões de dívida ao FMI, 12% de inflação, 12 milhões de desempregados e o [Pedro] Malan, que era um bom homem, tinha de ir todo final ano até Washington buscar dinheiro para fechar o caixa no Brasil”.

“Começamos a governar, todos os economistas diziam que o país iria quebrar. Nós consertamos a economia: trouxemos a inflação para 4,5%, geramos 20 milhões de empregos, tivemos superávit primário durante todo o governo, pagamos a dívida ao FMI, emprestamos US$ 10 bilhões ao FMI e ainda deixamos US$ 370 bilhões em reservas, que é o que está salvando hoje o Brasil”, ressaltou.

Lula observou que a incompetência de Bolsonaro destruiu o poder de compra do trabalhador ao permitir a volta da inflação e o descontrole absoluto dos preços de itens essenciais ao povo brasileiro, como os alimentos, o combustível e o gás de cozinha.

“A gasolina já subiu 39%, o óleo diesel, 33%. Sem nenhuma necessidade. O Brasil tem refinarias”, disse, ao criticar a política de dolarização dos combustíveis. “A Petrobras tem uma direção mais importante do que o presidente. Se Bolsonaro não tem coragem de governar, de dizer ao almirante que está lá que não vai aumentar, significa que o Brasil precisa de um novo presidente”.