Fundação Perseu Abramo tem oferecido, desde março de 2023, capacitação e formação para membros de diretórios e militantes de diversas cidades do país  

Quando Mano Brown subiu ao palco do ato pela candidatura de Fernando Haddad, às vésperas das Eleições de 2018, uma das premissas mais caras ao Partido dos Trabalhadores foi questionada: a legenda, segundo o rapper, precisava se reconectar com as suas bases. 

Longe de parecer uma afronta à histórica relação do PT com a classe trabalhadora, a declaração acabou por reacender a disposição de dirigentes e militantes (ainda que aquele pleito tenha sido vencido pela extrema-direita) para as lutas que se iniciariam a partir de então. 

Parte da imprensa ainda tentou usar a fala de Brown, hoje histórica, para legitimar a falsa narrativa de que o partido já não era mais o mesmo. O efeito foi contrário, e lideranças, dirigentes, militantes, e até quem não era filiado, fizeram coro para dizer que o PT estava mais forte do que nunca. 

Importante lembrar que o líder dos Racionais MC’s não foi o responsável pela mobilização, mas ajudou a dar visibilidade para o trabalho de base. Ainda em 2018, a direção nacional do partido lançou o projeto Nova Primavera, com o objetivo de formar “Núcleos de Vivências, Estudos e Lutas nos bairros, comunidades, locais de trabalho, locais de estudo ou locais de atuação”.

Em março de 2023, início da terceira gestão de Lula, foi a vez da Fundação Perseu Abramo lançar o Curso de Preparação e Capacitação para Dirigentes, com o respaldo da Escola Nacional de Formação (ENF). 

De lá para cá, já foram realizados cursos presenciais e online em cidades de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo – o Estado serviu de projeto-piloto para a ação, primeiro na capital e agora também no Interior. Ao todo, mais de 1 mil dirigentes já realizaram os cursos e a expectativa é ampliar esse número até o início do pleito eleitoral. 

“A primeira parte do trabalho foi ouvir o que esses dirigentes tinham a dizer e quais eram as suas principais dificuldades para dialogar com a população. Depois, formatamos um vasto material, simples e didático, para reaproximar o partido da base e protegê-lo dos ataques que ainda acontecem”, explica Eliane Martins, da equipe pedagógica da ENF. 

A sugestão para que as aulas tivessem conteúdo adaptado ao contexto social e cultural de onde estão os diretórios foi do presidente da FPA, Paulo Okamotto. Foi ele quem solicitou que os cursos fossem mais acessíveis para a militância de base.

“Os cursos voltados para a formação de dirigentes têm sido uma de nossas vitrines na disputa de narrativas. Precisamos dialogar com todas as camadas da população e, para isso, é fundamental a participação ativa de quem está nos diretórios. São essas pessoas que irão levar as nossas propostas e ideias para toda cidade onde houver candidaturas petistas”, aponta. 

A meta agora é expandir as aulas para o maior número de localidades possível e dar subsídios para que dirigentes e militantes estejam preparados para defender as pautas do partido durante as Eleições Municipais. 

“Nós precisamos contribuir, por meio da formação, para que o nosso partido consiga se posicionar e reposicionar de maneira mais profunda e enraizada no combate à extrema-direita. Mas também na construção da nossa pauta em defesa da classe trabalhadora”, finaliza Eliane. 

Para além das Eleições 

Para Klinger Sousa, também da equipe da ENF, os cursos continuarão a ser realizados permanentemente, já que uma de suas metas é reafirmar o compromisso do PT em locais que hoje ainda estão sob ameaça da pauta da extrema-direita. “É um ano importante para a disputa de narrativa nos municípios e na defesa deste novo Brasil liderado pelo presidente Lula. Mas a luta não tem data para acabar e vai além do processo eleitoral”, reitera. 

Outro argumento em favor da continuidade dos cursos são os resultados obtidos até aqui. “Os dirigentes têm se mostrado extremamente receptivos ao processo não apenas quando eles passam uma demanda e trazem um conjunto de problemas que a formação e a capacitação buscam resolver, mas principalmente ao final do encontro em que eles expressam a riqueza do encontro e as transformações em suas rotinas geradas a partir da produção de conhecimento. Tem sido muito rico todo esse processo”. 

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