Paulista, 25 de fevereiro: a Cortina de Fumaça do Golpismo

Por Alberto Cantalice

Inescrupuloso em sua aparência e essência Bolsonaro convocou as viúvas do golpe malogrado de 8 de janeiro, para convescote golpista neste domingo, na Avenida Paulista. Teve a presença e o apoio do governador Tarcísio de Freitas, do prefeito Ricardo Nunes e como animador o empresário da fé Silas Malafaia. 

Dezenas de deputados e senadores, muitos deles implicados na trama de janeiro e que são investigados em inquérito na polícia federal, se fizeram presentes. O ato público teve uma gafe de Tarcísio que disse que o ex-presidente não é mais um CPF. O que seria então? Um CNPJ? É o que muitos que lá não estiveram suspeitam há tempos.

A profusão de bandeiras e camisas da seleção nacional – cujo sentido seria o louvar a pátria – serviu para tentar acobertar um desafio às leis e à Constituição Federal perpetrados por Bolsonaro e seus asseclas na documentada tentativa de usar as Forças Armadas para virar o jogo e perpetrar um golpe de Estado.

O Capitão, seus generais e os demais parlamentares sabem que não escaparão impunes. Por isso a criação dessa grande cortina de fumaça com vistas a tirar o foco da opinião pública. 

Diferentemente dos golpistas de ocasião, as forças democráticas e progressistas devem acompanhar calmamente o desenrolar do processo criminal aberto pelo Supremo Tribunal Federal. As investigações têm que ir à exaustão. Deve se observar plenamente o Devido Processo Legal e o Direito ao Contraditório. Não se pode dar azo para que os que atentaram contra a democracia e as instituições aleguem perseguição política.

Não se trata de vingança. Até porque a justiça não é vingança. Ao contrário, é a garantia e a observância do cumprimento das leis. Quem as infringe deve prestar contas à sociedade. O rompimento do tecido social e as frequentes ameaças à democracia se dão pela impunidade-como foi o caso dos golpistas de 1964 que se quedaram impunes. Caso único na América Latina.

Joga-se nesse momento uma cartada decisiva para a consolidação do Estado Democrático de Direito. Abre-se a janela de oportunidade que enquadre aqueles que flertando com a ditadura organizaram, financiaram e estimularam o golpismo malogrado no fatídico dia 8 de janeiro de 2023.

Sem anistia!