Em 2021, já havia suspeitas de espionagem sob comando de Heleno e Ramagem

Em maio de 2021, General Heleno, um dos possíveis próximos alvos da Operação Vigilância Aproximada, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), teve que prestar esclarecimentos no dia 19 daquele mês aos deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara Federal. 

O depoimento foi para responder a questionamentos sobre ‘fake news’, compra de equipamento de espionagem, o protagonista dos escândalos de agora, e, pasmem, em plena pandemia, em um governo promoveu o negacionismo, a lista de servidores sob sua tutela que furaram fila de vacinação da COVID-19. 

Indagado sobre compra de equipamento de espionagem de celulares, estes agora investigados pelo STF e pela Polícia Federal, Heleno disse que desconhecia o fato. 

General Heleno respondeu ao deputado Leo de Brito (PT-AC), que questionou o general sobre uma reportagem da revista Crusoé que diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu à Abin que coletasse dados sobre irregularidades relacionadas à pandemia em âmbito estadual e municipal. Essa também era uma pauta da CPI da Pandemia, no Senado. 

À mesma comissão, na mesma data, o ex-diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem disse aos deputados que havia uma preocupação da pasta em cadastrar a aquisição deste tipo de tecnologia por diversos órgãos.

“A inteligência de Estado não tem essa prerrogativa, essa atribuição; mas a persecução penal, a investigação criminal a possui. Que faz parte o Executivo, o Ministério Público e o Judiciário. Então, portanto, o Executivo e o Judiciário, pela persecução penal, compõem essa parte de controle”, afirmou, assumindo a possibilidade de compras de equipamento de espionagem.

Ainda em 2021, General Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, foi alvo de questionamentos relacionados ao suposto envolvimento da Abin em práticas ilegais de monitoramento de autoridades públicas e indivíduos. As acusações envolvendo a Abin, General Heleno e Alexandre Ramagem representam um sério abalo na imagem e credibilidade do órgão de inteligência e das figuras públicas mencionadas. 

Especula-se que General Heleno seja o próximo grande alvo da operação. Segundo reportagem da Globo News, de Andrea Sadi, o chamado “núcleo duro” de Jair Bolsonaro teme que a investigação engrosse para cima do General em breve – que parece não se importar: um dia depois de deflagrada a operação, ele foi visto com a esposa em um shopping. 

Abordado por jornalistas, ele preferiu” não falar nada. “Não tenho nada para falar. O que eu tinha para falar disso eu falei nas duas CPIs que eu respondi”, respondeu. Heleno foi questionado se teme que as investigações cheguem a seu nome. “Não”, respondeu imediatamente, mas em seguida remendou com um “não sei”, segundo reportou o jornal O Estado de S. Paulo em 26/1. 

O escândalo tem gerado diversas repercussões que abalam tanto o cenário político quanto a confiança pública nas instituições de segurança e inteligência. Uma das principais repercussões é a instauração de investigações rigorosas para apurar as denúncias de monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas. Essas investigações buscam esclarecer a extensão do envolvimento da Abin, identificar os responsáveis e garantir justiça.

Além disso, o escândalo tem provocado questionamentos sobre a influência política na atuação da Abin. A possibilidade de a agência ter sido utilizada para fins políticos ou partidários levanta preocupações sobre a integridade do processo democrático e a necessidade de salvaguardar a independência das instituições responsáveis pela segurança e inteligência do país.

Outra repercussão significativa diz respeito à reputação tanto da Abin quanto das figuras públicas envolvidas, como o General Augusto Heleno e Alexandre Ramagem. O escândalo abala a imagem dessas personalidades e pode afetar sua credibilidade perante a opinião pública. A sociedade espera transparência e responsabilização, com medidas adequadas para restaurar a confiança nas instituições e garantir que casos semelhantes sejam evitados no futuro.

Em suma, as repercussões do escândalo da Abin são amplas e abrangem desde investigações rigorosas até questionamentos sobre a influência política nos órgãos de inteligência. É fundamental que as consequências sejam tratadas com seriedade, visando a manutenção do Estado de Direito, a transparência institucional e a confiança da população em suas instituições de segurança e inteligência.